Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Sobre as falhas estruturais na imprensa escrita — um artigo de Ana Martins no Sol.

Vem nos filmes americanos: uma redacção de um jornal corre contra o tempo e está acordada fora de horas. Tal justifica gralhas, contradições, omissões e erros de língua imprevisíveis. Não explica, porém, erros recorrentes, sistemáticos e, enfim, estruturais.

No passado domingo, procurei  dar conta de como decorria o acto eleitoral e fiquei a saber do homicídio em Fervença — nos termos que se seguem:

Dois em um...

 

Nos tempos que correm, em Portugal, é fácil encontrar erros nos media, mas um erro duplo é um fenómeno que justifica atenção redobrada.

 

O primeiro erro deste título do Diário de Notícias está no "parodeia", que revela um desconhecimento total da conjugação do verbo parodiar. O verbo conjuga-se como adiar. Aparentemente, quem escreveu "parodeia" deve estar convencido de que o verbo se escreve "parodear".

Regresso ao futuro

 

 

O primeiro período desta chamada do Diário de Notícias mostra que o que nasce torto dificilmente se endireita.

«Setúbal foi a única capital que continua a ser» é uma formulação que desafia o tempo, própria da trilogia do Regresso ao Futuro.

Se foi, não continua a ser. E vice-versa.

A isto soma-se a falta de concordância entre voltam e CDU, agravada por uma construção confusa que permite atribuir a Setúbal a função de sujeito também nesta oração.

Parece que ninguém, na redacção do jornal "Público", lê  ou, pelo menos, leva na devida conta as recomendações do  seu provedor do leitor em matéria de erros e desleixos de português. Erros e desleixos, de tão repetidos  e de tal modo básicos, que… "[nem] se  acredita." Artigo publicado no dia 11 de Outubro de 2009.

Um comentário sobre um comentário político podia ser o título deste artigo de Ana Martins no semanário Sol de 9 de Outubro de 2009.
 

O desempenho linguístico dos profissionais da comunicação social tem sido alvo de críticas em diversos espaços da própria comunicação social. São, em geral, apontados erros de ortografia ou de estrutura de frase.

«Tráfico» em vez de tráfego («tráfico cortado»), «uniões de trabalhadores» no lugar de «sindicatos de trabalhadores», «assalto» trocado por «agressão» (o jornalista iraquiano não «assaltou» George Bush com os sapatos...). Más e desleixadas traduções e, acima de tudo, o recurso abusivo de estrangeirismos, alguns mesmo sem a mínima equivalência em português («candidato incumbente» o que será?)....

Porque« carga de água quereria o Governo saber tanto o que se passa em Belém -
 passa-se lá alguma coisa de muito interessante?»1

«Lembro-me quando estávamos a preparar o "Circo de Feras" no Campo Pequeno e fomos expiar o espectáculo dos Da Weasel, que tinham feito o Atlântico, uns dias antes. E fomos ver o que eles tinham!»2

Heather Jean Brookes, investigador da Universidade de Stanford (Califórnia), num artigo da revista Discourse & Society, demonstra que na imprensa britânica domina um discurso estereotipado sobre África. África é retratada como um bloco homogéneo onde imperam a violência, a corrupção e o desrespeito pelos direitos humanos. Um dos itens de análise de Brookes passa, inevitavelmente, pela observação dos padrões de selecção de vocabulário.

As palavras inventam a realidade? Os demagogos sempre souberam que sim. Um artigo de Ana Martins no semanário Sol.

E quando o título de uma notícia ostenta erros ou é absurdamente enigmático? É este o tema do artigo de Ana Martins no semanário Sol.