DÚVIDAS

O uso de cujo/a = «de quem»
Em Auto de Filodemo, de Luís de Camões, há uma passagem coloquial assim: «Dionísa: Cuja será? Solina: Não sei certo cuja é.» Em linguagem hodierna, seria mais comum ouvir/ler «de quem será?», «não sei certo de quem é». Esse uso de cujo lembra-me o uso de cujus no latim: Cujus filius Marcus est? («De quem Marcos é filho?») Em seu livro, Tradições Clássicas da Língua Portuguesa, o Padre Pedro Andrião diz ser possível tal uso e dá-nos uma lista grande de exemplos nos autores clássicos, desde Camões, Sá de Miranda, a Garrett, Camilo etc. Pois então, vos pergunto, que recomendam? É lícito o uso?
Não + pronome o: «Não no pode estorvar» (Camões)
Algumas ocorrências que encontrei de pronomes oblíquos átonos arcaicos: «Que estais no céu, santificado... Não no disse eu, menina? Seja o vosso nome…» (Almeida Garrett) «Ele ou é trova, ou latim muito enrevezado, que eu não no entendo.» (Almeida Garrett) «Via estar todo o Céu determinado / De fazer de Lisboa nova Roma; / Não no pode estorvar, que destinado / Está doutro Poder que tudo doma.» (Camões) «O favor com que mais se acende o engenho / Não no dá a pátria, não, que está metida…» (Camões) «Ora sabei, padre Fr. João, que eu bem no supunha, bem no esperava; mas parecia-me impossível, sempre me parecia impossível que viesse a acontecer.» (Eça de Queirós) «A culpa de se malograrem estes sublimes intentos quem na tem é a sociedade…» (Camilo Castelo Branco) «Parentes, amigos, nem visitas nenhumas parecia não nas ter.» (Almeida Garrett) Há alguma explicação para o uso da consoante n antes dos oblíquos átonos? Muito obrigado!
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