Tenho notado que é comum em textos portugueses a construção «tem vindo a» + infinitivo para designar ações iniciadas no passado e que chegam ao presente, como na frase «o desempenho do Pedro na escola tem vindo a melhorar nos últimos meses». Posso estar enganado, e talvez uma consulta aos corpora das duas variantes mo esclareça, mas me parece que não se usa tal construção no Brasil: eu diria e escreveria, sempre, «o desempenho do Pedro na escola tem melhorado nos últimos meses». Como ambas as construções se usam em Portugal, gostaria de saber se há diferença semântica entre elas ou se se equivalem, e, caso se equivalham, qual delas é mais antiga na língua.
Sou belga e estudo português como língua estrangeira com muito interesse.
Tenho uma amiga portuguesa que é muito simpática e corrige as minhas tarefas. Na semana passada, enviei um texto, e dentro deste texto escrevi : «O seu médico aconselhou-lhe a fazer ioga.» Ela disse que isso não era correto, e que tinha de corrigi-lo em «O seu médico aconselhou-a a fazer ioga.» Ela sentiu que deve ser a, e não lhe neste caso, mas não pode explicar o porquê.
Para mim (com o holandês como língua materna), é estranho. Fiz uma pesquisa na Internet e encontrei um documento originário do Brasil, em que falam da regência de alguns verbos. Neste documento dão dois exemplos com o verbo aconselhar: «Aconselhei-lhe ter prudência.»; e «Aconselhei-o a ter prudência.» Parece-me [aplicar-se] a mesma coisa [à] frase que eu fiz, e suponho que deve também ser : «O seu médico aconselhou-lhe fazer ioga.» ou «O seu médico aconselhou-a a fazer ioga». Mas a minha professora de Português não concorda, e diz que este a não pode fazer a diferença. Então, estou numa confusão. Alguém pode esclarecer?
Obrigadíssimo pela resposta.
Já existem duas respostas acerca do verbo tratar, mas julgo que nem uma nem a outra respondem a esta questão: devemos escrever «tratarei que te deem uma lição» ou «tratarei de que te deem uma lição»?
Obrigado.
A frase «começar do começo» é um pleonasmo vicioso? A justificativa é que só se começa do começo? Ou há erro em tal afirmação?
Quantos deíticos contém a frase «por aqui passou gente famosa»?
Numa canção alentejana temos o seguinte refrão:
«Dançando, pulirando
brincando mais ele,
dançando, pulirando
brincando mais ela;
dançando, pulirando
brincando mais ele,
és uma rosa amarela.»
Esta canção de título Dançando, Pulirando está na Internet, em várias versões, desde a mais clássica à mais popular. Não encontro no dicionário o significado de "pulirando"!
Obrigado.
Gostaria de saber se o verbo desarriscar pode ser usado no sentido de «apagar algo que foi escrito», ou se esta forma é um regionalismo.
Qual das seguintes frases está correta segundo o português europeu padrão?
«Eu hei-de experimentar a comprar pão daquele.»
«Eu hei-de experimentar comprar pão daquele.»
Tratar-se-á do mesmo fenómeno que ocorre com a preposição a antes do infinitivo como em:
«A continuar este trabalho, vou conseguir ganhar mais.»
E já agora qual o nome para estes fenómenos? Trata-se do gerúndio com a mais verbo no infinitivo?
Obrigado!
Peço que os consultores do Ciberdúvidas voltem a pronunciar-se sobre a concordância do verbo ser com nomes predicativos no plural, apesar de o sujeito ser singular. As respostas já existentes são poucas, e algumas delas geram dúvidas. É importante sublinhar este aspecto porque a concordância com o nome predicativo se afasta da regra geral e, por isso, suscita alguma renitência dos falantes (em rigor, dos escreventes, porque a expressão oral mais facilmente segue as intuições). Além disso, como o inglês e o francês, em estruturas semelhantes, fazem a concordância com o singular do sujeito, agrava-se a tendência para escrever da mesma maneira em português. Nalguns jornais portugueses, chega a acontecer que os autores dos texto utilizem correctamente o verbo no plural, a concordar com o nome predicativo, e os revisores mudem o verbo para o singular. Assim, é preciso sublinhar que as seguintes expressões são gramaticalmente correctas – e intuitivas – e que seriam incorrectas se o verbo surgisse no singular:
- O que ela levou foram as romãs.
- Se a política se tivesse mantido, esta turma seriam 25 alunos.
- Muitas vezes, o problema das crianças são os maus exemplos dos pais.
- A chave do Totoloto foram os seguintes números.
- Uma vez não são vezes.
- Nesse tempo, a população de Portugal eram dois milhões de pessoas.
- O direito são as regras que os tribunais aplicam.
- O alvo deles somos nós.
É certo que, nalguns casos, o verbo ser é usado no singular apesar de o nome predicativo estar no plural, mas não é essa a regra.
Obrigado!
Apesar de toda a consulta no Ciberdúvidas de artigos similares, é-me complexo decidir qual a melhor opção.
«Que ciência nos ensina os livros?»
«Que ciência nos ensinam os livros?»
Pensei que a primeira opção será a mais correcta, mas, algumas horas depois de escrever a frase, tive a clara sensação de que estava errada. Compreendo que a solução simples seria optar por «Os livros ensinam-nos que ciência?», mas esta frase claramente não cumpre os objectivos da primeira no contexto em que será usada (primeira frase de uma sinopse).
Muito obrigado.
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