Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
João Silva Professor Vila Real, Portugal 10K

A noção e a relação de período, frase e oração, comummente aceites, são um equívoco.

O período é do nível textual. Quando descemos ao nível da sintaxe, o período sai de cena e entra a frase, entendida como oração. Esta é que é o objecto específico da análise sintáctica. O período limita-se a ser simples ou composto, conforme tem uma ou mais frases/orações. Quando dizemos que alguém escreve frases muito longas, deveríamos dizer períodos muito longos, porque estamos a fazer análise textual e não análise sintáctica.

Incoerentemente, quem identifica frase com período define-os de forma diferente, aproximando muito mais a frase da oração do que do período. A pobre da frase anda aos trambolhões entre o período e a oração, porque ninguém lhe delimita o âmbito como entidade significante. É tudo e não é nada!

Entendendo-se frase como período, no caso de ser composta por orações coordenadas, seria possível transformá-la em períodos, não acontecendo o mesmo no caso de ser composta por orações subordinadas. Então, como podem ser idênticas duas noções que nem sequer são reversíveis?

E não são reversíveis, porque o período pode ser composto, mas não complexo, enquanto a frase pode ser complexa, mas não composta. O período pode ser simples ou composto; a frase só pode ser simples ou complexa. Ao identificarmos frase com período, deixamos de ter a possibilidade de distinguir frase complexa de frase composta, que são coisas muito diferentes. Ou seja, confundimos orações complexas com um complexo de orações.

Todo este imbróglio resulta de um erro muito frequente nos gramáticos, que é a mistura dos planos, o erro de perspectiva. Neste caso, misturam o último degrau da estrutura textual (o período) com primeiro da estrutura sintáctica (a frase).

E as consequências são inevitáveis e imediatas: logo nos tipos e formas de frase se verifica que, obviamente, se trata da frase/oração e não da frase/período.

Concluindo: por ser lógico e funcional e por não vislumbrar motivo nem vantagem na alternativa, antes pelo contrário, usarei sempre frase como sinónimo de oração e assim definida: dizer algo acerca de algo, na sua expressão mais simples, e as suas circunstâncias. E já agora por que não substituir oração por predicação? Não seria mais actual, mais claro e mais adequado? Infelizmente, clareza e adequação são valores que o ensino tradicional da língua desvaloriza…

Celena Alves Professora São Paulo, Brasil 3K

Sei que a expressão «dar à luz» segue em sua frase com um complemento direto. Ex.: «A mulher deu à luz um menino (ou uma menina).» Bem, mas e a gêmeos? Seria: «deu à luz a gêmeos», ou «deu à luz aos gêmeos»?

João Miguel Ferreira Professor Guimarães, Portugal 10K

Na frase «A raposa comeu o queijo ao almoço», consideramos «ao almoço» como modificador do grupo verbal, uma vez que não faz parte da estrutura argumentativa do verbo. E na frase «A raposa comeu o queijo ao corvo»?, como classificamos a expressão «ao corvo»?

Eliane Lima Estudante Nova Venécia, Brasil 7K

Gostaria de saber se na frase «Um depende do outro, e os dois são intimamente interligados», o um funciona como artigo ou numeral.

Luan Côrtes Estudante Feira de Santana, Brasil 12K

Gostaria de uma análise da regência do termo prevenção. Quais as preposições que podem acompanhá-lo?

Rui Vilar Assessor Lisboa, Portugal 9K

Qual a regência correcta do verbo enamorar? Ou enamorar-se? E. g. «Estava enamorado por Lisboa», ou «Enamorou-se de Lisboa»?

Grato pelo atenção dispensada.

Maria Santos Professora Penafiel, Portugal 6K

Dada a frase «Senti alívio de imediato», como devo classificar «de imediato»? Como locução adverbial de tempo? Ou outra?

Grata pela atenção.

António Conceição Jurista Lisboa, Portugal 3K

É possível que já tenham respondido a esta questão, mas, na breve pesquisa que fiz, não a vi tratada. De há uns tempos para cá, ouço com frequência os locutores dos múltiplos telejornais das televisões portuguesas começarem as notícias com um infinitivo: «Dizer ainda que esta noite na Gulbenkian actua a orquestra X», «salientar que, se vai sair de casa, deve vestir um casaco, porque está muito frio», «falar agora sobre o clássico deste sábado no Dragão», etc.

É correcta esta construção em que a introdução da frase está apenas subentendida?

Cláudia G. Maciel Estudante Brasília, Brasil 4K

Gostaria de saber sobre a regência «paralelo para» que aparece no texto da obra O Abolicionista, de Joaquim Nabuco:

«Nem a esperança, nem a dor, nem as lágrimas o são. Por isso não há paralelo algum para esse ente infeliz (o escravo), que não é uma abstração nem uma criação da fantasia dos que se compadecem dele, mas que existe em milhares e centenas de milhares de casos, cujas histórias podiam ser contadas cada uma com piores detalhes.»

O Dicionário de Regência Nominal do Francisco Fernandes prevê a seguinte regência:

paraleloa/com/de/entre.

Grata.

Onildo Botelho Bancário Belém, Brasil 19K

Está correto o verbo interagir reger a preposição com?

Não seria redundância?