DÚVIDAS

A regência do substantivo dependência
António Serôdio, presidente da Associação Portuguesa dos Gestores do Desporto (Apogesd), em entrevista ao jornal [português] A Bola, de 21 de Abril, afirma o seguinte: «Há ligas mais expostas... Mas o sobreendividamento e a excessiva dependência à banca e a outras instituições financeiras...» 1. «Dependência à banca e a outras instituições financeiras...» ou «Dependência da banca e de outras instituições financeiras...»? 2. Entendendo-se o que o entrevistado queria dizer, não deveria o entrevistador (jornalista de um jornal de referência, com milhares de leitores) ter modificado a redacção do texto? Obrigado.
O predicado verbo-nominal e o predicativo do sujeito
Em resposta apresentada no dia 07/04/2006, referente à pergunta «Gostaria de saber se, nas orações «o professor ministrou a aula lentamente» e «o juiz proferiu a sentença vagarosamente», os termos lentamente e vagarosamente são predicativos do sujeito», a atenciosa consultora ofereceu várias explicações, incluindo esta: «[...] Os predicados podem ser: predicado verbo-nominal – existem dois núcleos significativos: um verbo significativo e um predicativo do sujeito. («A Joana sorriu animada») [...]» Minha dúvida reside no já exaustivamente abordado tópico do predicativo do sujeito. Após ler diversas considerações sobre o tema no sítio do Ciberdúvidas e em gramáticas normativas, concluí que o predicado verbo-nominal existe só quando há um predicativo do objeto (e, para isso, é necessário haver verbos como considerar, julgar, fazer, etc., que pedem complemento). Nos casos em que há predicativo do sujeito e verbo de ligação (ex.: «João é bonito»), o predicado é nominal. Já para os casos em que há um verbo significativo, seguido de um “qualificador” do sujeito, esse “qualificador” corresponde a um aposto, e o predicado é verbal (exs.: «Maria sorriu entusiasmada.» «Maria chegou atrasada.» «Maria olhou o mar, triste.»). Minhas conclusões podem ser consideradas verdadeiras? Se houver equívoco(s), onde ele(s) está(ão)? A afirmação da consultora parece destoar de minhas conclusões, visto que, para ela, a frase «A Joana sorriu animada» contém um predicado verbo-nominal e, neste, um predicativo do sujeito («animada»). No entanto, em outras respostas, termos em posição semelhante foram tratados como aposto (ex.: «A rapariga sorriu entusiasmada»). Outra questão: pode haver predicativo do sujeito sem que haja um sujeito explícito? No Brasil, circula uma conhecida canção que começa assim: «Era uma casa muito engraçada [...].» O sujeito é «uma casa», certo? Mas eu poderia dizer apenas «Era uma casa» ou «Era janeiro» ou «Era um bom homem» e considerar que haja (ou há?) somente predicativo do sujeito? Quando penso que estou começando a entender o assunto, leio, leio e fico mais confusa. Por favor, ajudem-me. Muito obrigada!
Voz passiva e verbo haver
Tenho algumas dúvidas relativamente à análise destas duas frases no que respeita à voz passiva. 1.ª — «Todos os movimentos são cuidadosamente calculados.» Eu considero aqui que estamos na presença da voz passiva, resultante da construção verbo ser + particípio passado. Por favor, corrijam-me se estou errada. Relativamente ao verbo ser, o seu estatuto aqui é de verbo semiauxiliar? 2.ª — «Deixou de haver bons cristãos e malvados palestinianos.» O que devo considerar? Que se encontra na voz activa, dada a ausência de particípio passado? No que refere à identificação do complemento directo, é aqui possível a aplicação do critério sintáctico da pronominalização? Parece que não soa muito bem dizer «Deixou de havê-los». Muito grata pela atenção dispensada.
Sobre verbos transitivos directos e indirectos
Quando sabemos se os verbos são transitivos diretos ou indiretos? Por exemplo: «Esqueci-me do livro»; «Precisou o lugar do crime»; «A resposta do professor não satisfez o discípulo»; «Satisfazer a todos é impossível»; «Para fechar os melhores negócios, você precisa de maiores informações»; «Batatas, eu não comprei»; «O hipocondríaco morreu mas ninguém acreditou.»
As classes de palavras de mais
Minha dúvida está relacionada com a pergunta já formulada por um consulente: «Estreou nos cinemas mais um filme de vampiro.» No entanto, gostaria de saber qual a classe gramatical da palavra mais. Há diferença de classe dessa mesma palavra quando empregada nos seguintes contextos: «Vamos promover mais uma festa.» «Vamos promover mais de uma festa.» «Não vamos promover mais festas»? Há outros casos em que mais é classificada de maneira diferente das acima citadas? Muito obrigada e parabéns pelo trabalho.
«A ou B, complementando com C», de novo
Gostaria de poder fazer uma tréplica em relação à construção «A ou B, complementando com C». A dúvida original não foi solucionada pela construção lógica [ARBITRARIAMENTE] utilizada. A questão é exatamente saber que construção lógica adotar: (A V B) Λ C ou A V (B Λ C) Ora, substituindo-se a vírgula pela conjunção aditiva e (Cunha e Cintra), a estrutura da frase «A ou B, complementando com C» ficará: A V B Λ C Para a lógica booleana, o conectivo ou (V) equivale ao sinal de adição (+) e o conectivo e (Λ), ao de multiplicação (.). A partir daí, vale a regra de prioridade das operações fundamentais envolvidas numa expressão matemática: a multiplicação tem prioridade sobre a adição. Logo, a expressão A V B Λ C se reduzirá a: A + B.C Em conclusão, C só se aplica a B. Não cabe qualquer dúvidda quanto a isso. Quem estudou lógica booleana e trabalhou com circuitos integrados TTL sabe muito bem disso. Podemos afirmar com toda certeza que a construção em debate corresponde ao circuito eletrônico assim formado: Uma porta OR (em inglês) que tem por entradas o valor A e o resultado de B AND C. Noutros termos, somente oficiais aviadores terão de atender às opções 1, 2 ou 3 (a uma ou a mais de uma). P. S.: Além do mais, no caso concreto, não haveria sentido em distinguir oficiais aviadores dos demais candidatos de nível superior (utilizando um OU). Em todo caso, espero ter sido esclarecida a confusão com os argumentos acima. O debate até agora foi muito esclarecedor para mim. O que vocês acham?
A correlação verbal e a diferença de sentido entre duas frases
Ao estudar correlação verbal (assunto com pouco material), deparei-me com muitas dúvidas. Gostaria de saber se estas frases estão corretas em relação a esse aspecto. Além disso, peço que me mostrem a diferença de sentido entre as duas. 1) «Na minha infância, eu pedi que Fernanda seja minha namorada.» 2) «Na minha infância, eu pedi que Fernanda fosse minha namorada.» Agradeço a atenção.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa