Servindo-me da intervenção da consulente Edite Vieira, na qual abordava uma frase que apresentei sobre o assunto supracitado, gostaria de aproveitar a ocasião para a ele voltar. Ao formular a frase «Naquela escola sempre se vê os alunos estudarem», quis suscitar discussão sobre a concomitância numa frase de dois casos gramaticais, a saber, o uso dos chamados verbos causativos e sensitivos (deixar, mandar, fazer, ver, ouvir, sentir) a par do uso da voz passiva pronominal. É conhecida e admitida a construção «Naquela escola, os professores faziam os alunos estudarem» (ou estudar, que o infinitivo não flexionado é aí também admissível). Por outro lado, pode-se compor a seguinte frase: «Naquela escola, os alunos não se viam com freqüência.» Imagine-se, então, que se construa uma frase em que ocorram, em simultâneo, os dois fenômenos lingüísticos. Qual concordância prevaleceria?Ainda há o caso da possível frase modificada: «Naquela escola, sempre se vê [ou "vêem"?] estudar os alunos.» A par disso, a frase apresentada pela consulente, corroborada pela consultora Maria João Matos, «Sempre se vêem os alunos a estudar», é, no português falado no Brasil, equivalente a «Sempre se vêem os alunos estudando», que não é preferível, a meu ver, pois aí temos o citado verbo sensitivo. É diferente dizermos «Os alunos estavam a estudar [estudando]», esta perfeitamente indiscutível quanto a sua correção. Obrigado.
No que diz respeito às expressões com adjetivos que pedem o presente do subjuntivo (conjuntivo) – é certo, é verdade, é evidente, é lógico –, gostaria de saber porque somente a última aceita seja o indicativo seja o subjuntivo (conjuntivo). Encontrei esta informação na Gramática de Português para Estrangeiros, de Lígia Arruda. Eu vi em outra gramática que o subjuntivo (conjuntivo) de uma oração subordinada a um verbo de atividade mental (acredito, penso, julgo) aceita os dois modos em questão.«Acredito/penso/julgo que tenhas razão.» [possível]«Acredito/penso/julgo que tens razão.» [necessária] Exemplos tirados da Gramática do Português Actual, de José de Almeida Moura. Porém, para o exemplo abaixo, não consegui entender porque posso usar seja o modo indicativo que o modo subjuntivo (conjuntivo). É lógico que ele vem/venha hoje. Obrigada pela ajuda
Qual das formas é a correcta?«Nos casos em que venhamos a ser contactados» ou «Nos casos em que viermos a ser contactados», no seguinte contexto:Num universo de indivíduos, há a possibilidade (mas não a certeza) de virmos a ser contactados, não sabendo por quantos, se por algum. Obrigado.
Como dizer: «Sinto que posso assumir-me como opção» ou «Sinto que me posso assumir como opção»? A oração «… que posso assumir-me como opção» é subordinada e como tal o pronome «me» tem de ser colocado em posição proclítica? Agradecia que me esclarecessem.
Gostaria que me pudessem informar qual a forma verbal presente em «É possível ter havido aqui uma aldeia».Uma pessoa de algum saber afirma que tal é um pretérito perfeito composto. Mas a mim parece-me um infinitivo impessoal, pelo uso do infinitivo do auxiliar «ter». Podem dar um juízo definitivo?
Qual a forma correcta? a) Os alunos desta turma, que moram fora de Lisboa, chegam muito cansados a casa. b) Os alunos desta turma que moram fora de Lisboa chegam muito cansados a casa.
Estou estudando alemão aqui na Alemanha e alguns casos de gramática por exemplo o Genitivo, conjuntivo, dativo... Gostaria de recordar na língua portuguesa, para que possa entendê-los melhor na língua alemã, apesar de não saber se seguem as mesmas regras! Gostaria por favor de alguns exemplos se fossem possíveis! Obrigada desde já!
As gramáticas, pelo menos as que consultei, apresentam a locução «nem... nem» como disjuntiva, explicando simultaneamente que a disjunção é a representação de uma alternativa. Ora em frases do género «nem gosto de queijo nem gosto de marmelada» não há alternativa, mas sim adição. Assim sendo, pode considerar-se, em tais casos, a referida locução como copulativa?
Uma das maiores dificuldades dos Brasileiros de escrever é saber quando se põe "a" ou "à". Tal é a frustação, que já há um projeto de lei para eliminar a "crase" (isto todos sabem dizer...) Aprendem na escola imensos nomes gramaticais dificílimos (mais sofisticados do que os nossos) para além de regras infernais que fazem cair qualquer um num desespero! Mas na prática só os mais instruídos sabem aplicar com segurança (o problema é que se pronuncia da mesma forma).
Sendo português (a viver no Brasil), e aplicando a velha tradição das nossas mães, digo-lhes «imaginem que a palavra que está à frente do "a/à" é masculina, se vocês usassem "o", então será "a"; se usassem "ao", então será "à"». As pessoas ficam delirantes e conseguem aplicar sem erro em quase todas as situações. Ao aplicar esta minha regra à expressão «ensino a/à distância», o correto seria escrever «Ensino à distância» (que é como todos os portugueses pronunciam na prática). De fato, diríamos «ensino ao longe» e nunca «ensino a longe". Sei que aqui é um pouco diferente, pois temos um advérbio substantivado...No entanto os dicionários têm consagrado (ver Porto Editora) como equivalente à expressão «ao longe» a expressão "à distância". Ninguém diria «vi-te a distância», mas, sim, «vi-te à distância». Aliás, a expressão «vi-te a distância» pode sugerir muitas mais coisas: «vi-te a distância (que procuravas...)», etc.
Na minha opinião «ensino a distância» não está incorreto, pois não viola nenhuma regra gramatical, mas vai contra o uso corrente (que também está correto). Mais uma vez o capricho estético momentâneo de alguns eruditos foi por cima da lógica cristalina da linguagem do povo. Se um uso é correto (tem coerência interna), comum, antigo e tradicional, para quê mudar?
Agora vou provar que o «povo tem razão», mostrar a sabedoria escondida do povo... Se «ensino a distância» está certo, então na forma verbal deveríamos dizer «Eu ensino a distância», «Tu ensinas a distância». Experimentem algum dia dizer isso e ouvirão: «Ensinas a distância de quê?». Se existem várias soluções para uma expressão, deve-se escolher, na minha opinião, aquela que é menos ambígua, pois o objetivo primário é comunicar, ou não é?
Parabéns a todos por este sítio!
Quais os tipos de orações reduzidas de gerúndio que podem vir antecedidas da preposição «em»? Obrigado.
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