Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Atestação/Significado de palavras
Manuel Marques Tradutor Lisboa, Portugal 2K

Ao ler a ode Nem vã esperança vem, não anos vão, de Ricardo Reis – que reproduzo abaixo –, encontrei no quinto verso a palavra labento. Em vão procurei esta palavra no dicionário eletrónico Priberam e na Infopédia. A minha questão é a seguinte: qual o significado desta palavra?

Muito agradeço, se me puderem elucidar, assim como, se for possível, que expliquem a sua etimologia.

 

«Nem vã esperança vem, não anos vão,

Desesperança, Lídia, nos governa

        A consumanda vida.

Só espera ou desespera quem conhece

Que há que esperar. Nós, no labento curso

         Do ser, só ignoramos.

Breves no triste gozo desfolhamos

Rosas. Mais breves que nós fingem legar

         A comparada vida.»

28-9-1926

Carlos Pinto Estudante S. João da Madeira, Portugal 2K

Nos versos do poema D.Dinis, de Mensagem, de Fernando Pessoa, «É o rumor dos pinhais que, como um trigo/De Império, ondulam sem se poder ver.», como classificar a oração «sem se poder ver.»? Sabendo que essa oração desempenha a função sintática de modificador do grupo verbal "ondulam" (ondulam como?), que classificação atribuir à oração? Subordinada (substantiva ou adverbial?) completiva não finita infinitiva?

Vicente de Paula da Silva Martins Professor Universitário (UVA, Brasil, Ceará, Sobral) Sobral, Brasil 2K

Ao longo da releitura de Capitães da Areia (edição de 1937), de Jorge Amado, deparei com esta construção: «– Tú não pode passar um dia sem bater coxas com esta bruaca, não é? Tú vae acabar tútú..» (CA, 1937, p.92). O que intrigou aqui foi a acepção para "tutu". Das quatro possibilidades de sentido para "tutu" (sem tantos agudos), nenhum se encaixa perfeitamente ao que espero do contexto. Qual o sentido para "tutu" no caso em tela?

João Carlos Amorim Reformado Lisboa, Portugal 3K

Diz-se «preito de homenagem» ou «preito e homenagem [a alguém]»? Não será redundante qualquer destas formas, tendo em conta que «preito» já significa «homenagem»?

Os meus agradecimento pelo esclarecimento.

Celeste Alves Professora Leiria, Portugal 3K

Gostava de saber/ confirmar se a expressão «estar com fezes», com o sentido de «estar com preocupações», é característica da zona Centro (região à volta de Leiria). Em caso afirmativo, pedia que me indicassem a fonte de informação.

Obrigada.

José Antonio Martínez Funcionário Las Palmas de Gran Canaria, Espanha 8K

Como é que se devem escrever agora nomes próprios antigos, por exemplo, Anthero de Figueiredo ou Antero de Figueiredo? Como citar nomes de publicações antigas, "A Illustração Portugueza" ou "A Ilustração Portuguesa"?

Obrigado.

Manuel Rosário Teixeira Estudante Barcelos, Portugal 15K

Podemos apropriar-nos do termo alimento para congregar todo o tipo de substâncias comestíveis sólidas e líquidas? Ou seja, até que ponto a correção da língua portuguesa nos permite utilizar a palavra alimento para designar, por exemplo, água? Aquando da clarificação de ambos os conceitos no dicionário online Priberam, apercebi-me de que alimento corresponde àquilo «que serve para conservar a vida aos animais e às plantas» e água ao «líquido natural [...] indispensável para a sobrevivência da maior parte dos seres vivos», pelo que, presumo eu, se poderá afirmar que «a água é um alimento», sem que se incorra em erros de semântica.

Grato desde já pela resposta.

Custódia Pereira Professora Seixal, Portugal 2K

Gostaria de saber se o seguinte verso da Ode Triunfal, do heterónimo Álvaro de Campos, contém uma hipálage: «À dolorosa luz das grandes lâmpadas», o adjetivo "dolorosa" é atribuído a quem? A luz ou a lâmpada são os elementos que, semanticamente, não aceitam esse sentimento. Poderá recair sobre o sujeito poético, mas não será um traço dele. Poderá então subentender-se que é a escrita que é dolorosa? «À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica/ Tenho febre e escrevo».

Obrigada.

Vicente Martins Professor Universitáro Sobral (Estado do Ceará), Brasil 7K

Relendo a obra Menino de Engenho, de José Lins do Rego, deparei com a expressão «Entrar por uma perna de pinto e sair por uma perna de pato». Apesar de o contexto ser um guia importante para a compreensão leitora, tenho dificuldade de saber seu sentido idiomático. Poderiam os senhores me dar uma luz?

«As suas histórias para mim valiam tudo. Ela também sabia escolher o seu auditório. Não gostava de contar para o primo Silvino, porque ele se punha a tagarelar no meio das narrativas. Eu ficava calado, quieto, diante dela. Para este seu ouvinte a velha Totonha não conhecia cansaço. Repetia, contava mais uma, entrava por uma perna de pinto e saía por uma perna de pato, sempre com aquele seu sorriso de avó de gravura dos livros de história. E as suas lendas eram suas, ninguém sabia contar como ela. Havia uma nota pessoal nas modulações de sua voz e uma expressão de humanidade nos reis e nas rainhas dos seus contos. O seu "Pequeno Polegar" era diferente. A sua avó que engordava os meninos para comer era mais cruel que a das histórias que outros contavam.» («Menino de Engenho», 2016, Capítulo 20, p. 70)

Philippe Tavares Brasil 49K

Como se podem diferenciar no uso as seguintes expressões sob aviso e sobreaviso?