Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Uso e norma
José Fernández López Arquivista Corunha, Espanha 8K

Em português é comum o uso do futuro de conjuntivo em orações de relativo. No entanto, tenho reparado no facto de haver também orações de relativo com presente de conjuntivo. Esta construção, normal em castelhano, é correta em português? Por exemplo, os pares de orações que se seguem estão todos corretos? Há alguma diferença de significado entre elas?

«Quem estudar hoje, não chumba.»/«Quem estude hoje, não chumba.»

«Os carros que estiverem na rua podem ser revogados.»/«Os carros que estejam na rua podem ser revogados.»

«Irei buscar-te onde estiveres.»/«Irei buscar-te onde estejas.»

Por último, esta frase de Almeida Garrett – «E quando venha a morte, será morrer por ti» – poderia ser «E quando vier a morte, será morrer por ti»?

Muito obrigado.

António Contreiras Técnico de ambiente e ordenamento do território Faro, Portugal 5K

Qual o significado (conceito) da palavra memória tal como aparece nos seguintes títulos [de obras da primeira metade do século XIX]1: «Memória sobre a descripção física, e económica do lugar da Marinha Grande, e suas vizinhanças pertencente ao Bispado de Leiria»2; «Memória politico económica em que se mostra a necessidade da conservação da Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro…»; e «Corografia ou memoria economica, estadistica, e topográfica do reino do Algarve»?

Muito obrigado.

1 Manteve-se a ortografia original.

2 “Memoria sobre a descripção fisica e economica do lugar da Marinha Grande e suas vizinhanças”, in Memorias Economicas da Academia Real das Sciencias de Lisboa, Tomo V, Lisboa, 1815, pp. 257-277 (referência retirada de Saul António Gomes, Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas – 2. Marinha Grande, Palimage Editores e Centro de História da Sociedade e da Cultura, 2005, p. 31.

Isabel Besakai Professora de Português Pequim, China 8K

Encontrei uma frase e não sei qual a forma adequada dos verbos:

«E se eles ______ (ter) algum desastre? Não ______ (ser) melhor telefonar para a polícia?»

A chave que tenho é tiveram e seria, mas não sei porque é que não se usa conjuntivo no primeiro [espaço em] branco.

Obrigada.

Geobson Freitas Silveira Empregado público Bela Cruz, Brasil 7K

Quanto à construção abaixo, como classificar a locução «quanto mais» no contexto?

«Mal consigo andar agora, quanto mais correr, meu filho.»

Maria Tavares Bióloga Maputo, Moçambique 5K

Existe a palavra vagilidade em português? Está relacionada com a capacidade de movimento das plantas aquáticas; em inglês existem os termos vagile e vagility, cuja tradução não encontrei.

Angelica Mendoza Professora de Espanhol/Português Edmonton, Canadá 9K

Sei que o presente do indicativo pode também expressar ideia de futuro («Amanhã saio bem cedo» = sairei/vou sair). Mas me bateu a dúvida de se é correto usar o presente do indicativo numa frase como «se tenho tempo, vou com você ao cinema», quando se quer expressar condição no futuro – não atividade regular. O uso do futuro do subjuntivo me soa perfeito e melhor aos meus ouvidos: «se tiver tempo, vou com você ao cinema» (ou «irei», num contexto mais formal).

Dou aulas a falantes de inglês, que tendem a usar o presente do indicativo e não o futuro do subjuntivo. Acredito que minha exaustiva exposição ao inglês acabou por dificultar minha avaliação da frase.

Agradeço!

José Pedro Santos Jornalista Lisboa, Portugal 5K

Nos últimos dias verifiquei que, nas notícias relativas à divisão interna no PS, os jornalistas recorrem por vezes à expressão «disputa pela liderança» dos socialistas.

Gostaria de saber se esta forma está correta e, em caso afirmativo, se é uma forma mais acertada do que «disputa da liderança» do PS.

Cláudio Alexandre Duarte Estudante Coimbra, Portugal 6K

Acabo de ver, por acaso, a vossa resposta n.º 17 034 e gostaria de manifestar minha estranheza pelo facto de este site, sistematicamente, impor a pronúncia do chamado português europeu padrão (baseado na pronúncia de Lisboa), obliterando as outras realizações de pronúncias da língua portuguesa. Estou a falar, neste caso concreto, da pronúncia do ditongo escrito em que é só (e apenas só) na região de Lisboa que tem a pronúncia [ɐ̃j]. No resto de Portugal, não é pronunciado assim e em outros países de expressão portuguesa (como meu caso) também não. Por isso, eu acho estranho que o Ciberdúvidas não alerte que em outras variantes do português palavras como «têm, veem, vêm, deem, etc.» não são pronunciadas com dois ditongos, um a seguir ao outro ['ɐ̃jɐ̃j], mas são pronunciadas com uma vogal seguida de um ditongo ['eẽj].

Espero ter, humildemente, dado um contributo com esta pequena chamada de atenção e que eu esteja enganado ao pensar que o Ciberdúvidas quer «impor» a pronúncia lisboeta a não lisboetas e a não portugueses.

Olga Gonçalves Tradutora Lisboa, Portugal 6K

Existe a palavra concordanceiro?

Carlos Martínez Sánchez Tradutor e intérprete Múrcia, Espanha 2K

Gostava de conhecer o significado desta expressão (possivelmente calão ou rima metida a martelo) que aparece na canção Eu Sou Maria-Rapaz, da Nani, que participou no Festival RTP da Canção de 1992. Eis o contexto:

Chamas-me chico-da-rua e dizes que assim não dá

Chamas-me pedra-de-lua, Maria-rapaz, sei lá

Sou como a meloa, boa, só para quem provar

Sou como a castanha, estranha, amor, que ao tocar te pica a mão

Por dentro tão bom sabor e toda coração.