DÚVIDAS

Alterações ortográficas com o AO de 1990
Um conjunto de deputados brasileiros está lutando por autorização de modificação do acordo ortográfico. A minha primeira reação foi de repúdio. Falei com os meus botões, no meu fraco castelhano, «ya empezamos»... Ainda o acordo não foi implementado em todos os países, e já querem modificar. Nunca mais temos acordo... No entanto, devemos dar uma chance à inteligência alheia e pensar que eles devem ter pensado nisso também. Se, apesar disso, queriam modificações, é porque teriam supostas sérias razões. Dois eram os aspetos sobre os quais recaíam as modificações. O trema. Sempre pensei que a anulação do trema não trouxesse problema algum. No entanto, desafio a compararem as conjugações do verbo intuir e arguir tal como elas estão hoje dicionarizadas em Portugal. Que salgalhada! Reparem por favor detalhada, sinóptica e exaustivamente para acentuação das formas conjugadas... Sei que está prevista a modificação. Os brasileiros já acentuam arguir como intuir. Quero ver o que vão fazer os portugueses. Nem tudo está previsto no acordo... O pior de tudo no entanto é a não uniformização dos radicais. No Brasil se escreve e se escrevia fato mas factível, exceção mas excepcional. É curioso ver brasileiros contra este facto e dando razão aos portugueses de forma moderada quanto às consoantes mudas. Estas se deviam conservar quando fossem pronunciadas consideravelmente em uma formas dos radicais. Meditando bem, vi que esses deputados não estavam querendo boicotar o objetivo lusofônico de unicidade de escrita, mas simplesmente amavam a língua portuguesa, talvez mais do que muitos portugueses. Sou casado com um brasileira e reparei como a falta de uniformização dos radicais é muito pouco pedagógica. Posso garantir que pelo menos 95% dos brasileiros nem suspeita que excepcional possa significar com carácter de exceção. Para eles significa «espetacular» ou «específico» (no caso dos deficientes).
Plurais de palavras graves acentuadas: dólmen, cólon
Caros amigos do Ciberdúvidas, gostaria de uma explicação quanto às regras de acentuação para o plural de palavras como dólmen, sêmen, lúmen, éden, hífen, gérmen, abdômen, etc. Por favor, considerem o meu pedido de explicação relativo ao plural terminado em ns, e não em nes. A minha dúvida surgiu quando, no dicionário eletrônico Houaiss, encontrei o plural germens em contraste com "sêmens"; cólons em contraste com "abdonens". Tenham os meus sinceros agradecimentos.
Perfazer e "prefazer"
Sei que existe perfazer e julgo que também existe prefazer. Porém, hoje, na RTP1, no programa Bom Dia, Portugal, a responsável pela rubrica Bom Português afirmou que prefazer não existe na língua portuguesa. Ora, penso que existem as duas palavras: 1 – Perfazer, significando «fazer até ao fim», «completar», devido ao prefixo per. 2 – Prefazer, significando «fazer por antecipação», devido ao prefixo pre, que exprime anterioridade. Pergunta: existe, ou não existe, "prefazer"? Agradeço um esclarecimento.
Palavras e expressões do séc. XVIII: mochila, eguariço, mafra
Numa comédia inédita do séc. XX, mas cuja acção se passa no séc. XVIII, vi várias palavras e uma expressão que me deixaram algumas dúvidas. Reproduzo-as tal qual aparecem no texto dactilografado do autor. Primeiro, gostava de saber se as palavras que seguem abaixo estão escritas correctamente tendo em conta que a peça foi escrita no séc. XX: «ageitar os caracoes» «dessimulado» «ao invez» «pezar» «permição» «possue» «interdicto» «outrém» «dezejo» (1.ª p. v. desejar) algun Gostava ainda de saber se as expressões abaixo correspondem à forma de falar do séc. XVIII e se estão escritas correctamente: «tu eres» (verbo ser) «inda» «ter conrespondido» «sem sua culpa dela» «sei terdes intervindo» «senrezão» Gostava ainda de saber o que significa a pergunta abaixo, se é uma expressão característica do séc. XVIII e se está escrita correctamente: «Tens que mochilas ou eguariços sejam mafra baixa de mais para ti?...» Muito obrigada.
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