DÚVIDAS

Ainda sobre o provérbio «Chora, que logo bebes»
Nesta entrada respondida pela Edite Prada (que agradeço a sua muito boa explicação e introdução à obra!) lia-se que o nome da aldeia do livro «assenta nas características inusitadas da aldeia. Se, cantando, a garganta pode secar, e beber poder ser considerado uma recompensa, chorando tal não acontece, e beber torna-se desnecessário». Permitam-me discordar. Acho que beber não se tornará assim tão desnecessário, à partida (sinto-me agora como quando estava no secundário, quando me entediava com todas as significações que se dava a todas a vírgulas de Os Lusíadas e outras obras. Mas agora sou eu que estou a "alinhar" neste papel). Discordo desta última parte e pergunto-vos: – Não terá esta alteração somente o propósito de assentar o provérbio nas características da aldeia? Porque, no mesmo tom humorístico... sarcástico... hum..., até, se calhar, irónico da obra, se, cantando, a garganta pode secar, e beber pode ser considerado uma recompensa; chorando, uma pessoa desidrata e, bebendo, compensa a perda de líquidos, "por isso, chorem, chorem, seus choramingões, e continuem na vossa melancolia, que, bebendo, isso passa". Ou, até, se beberem álcool, seria mais um "chorem, chorem, que depois a pinga vos animará". Não seria mais esta a ideia?
Tipos de se: integrante, condicional e pronominal
Muito bom ter este oásis em que sábios, em sua plêiade, respondem a questões de português. Parabéns! Hoje, para economizar e-mail, tenho três perguntinhas básicas: 1 – Em «Será muito bom se você passar na prova», o se é integrante, ou condicional? Por quê?2 – Em que casos o se não pode vir antes de infinitivo? Por quê? 3 – Em «Não é bom se dizer ao chefe a verdade», o se é integrante, ou apassivador? Por quê? Muito grato!
O valor de coincidir
Na sequência da resposta dada à minha dúvida sobre uma pergunta do exame nacional de Português do 12.º ano, que muito agradeço, devo dizer que não creio que as minhas dúvidas tenham sido bem endereçadas. Eu não duvido de que a opção D esteja, também ela, correcta. Está, aliás, como bem foi dito na resposta em linha com a intenção geral da autora do texto. Acontece que a opção A me parece possível. Isto a menos que o verbo "coincidir" — e é este o epicentro da minha dúvida, perdoe-se-me a parca imaginação da imagem —, a menos que o verbo "coincidir", dizia, retenha pouco da sua carga etimológica (não sei que lhe chame; legado talvez se adeque). Pois, se é formado pela partícula "co" e pelo verbo "incidir", descreverá, suponho, uma incidência em comum. E essa incidência verifica-se; tanto nas leituras críticas que defendem Fernão Mendes Pinto quanto nas que o repreendem. Porque todas parecem tratar da repreensão de que ele é alvo por relatar acontecimentos falsos.
A vírgula com a expressão «mas pronto»
Qual será a maneira correcta de escrever a expressão «mas pronto»? No seguimento de uma frase do género «Ele quis ir ali, mas, pronto, não deu», entendo que se use uma virgula entre as duas palavras, mas quando a expressão aparece no fim de uma frase, mantemos a vírgula? «Ele era bom naquilo que fazia, mas pronto», ou «Ele era bom naquilo que fazia, mas, pronto»? Se considerarmos a expressão conforme a dizemos, não terá lógica omitir a vírgula? Como já vi escrito das duas maneiras, com e sem vírgula, tenho essa dúvida.
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