Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Xavier Brandão Estudante Porto, Portugal 5K

A abstracção, na gramática, é, pelo que até agora dela estudei, algo frequente.

As noções de vogal e consoante são disso um exemplo. Primeiro, há a noção de fonema: os sons elementares que, combinados de determinada maneira, formam os vocábulos. E é na forma como certos fonemas são produzidos pelos órgãos humanos que se chega às noções atrás mencionadas: as vogais são produzidas expelindo o ar, sem que este encontre qualquer obstrução à sua passagem pelo aparelho fonador; as consoantes já encontram algum tipo de obstrução. É, pois, abstraindo-nos das diferenças que definem este ou aquele fonema e encontrando uma propriedade (ou, eventualmente, mais propriedades) comum a alguns deles que podemos definir novas noções, abstractas — as noções de vogal e de consoante.

Escrevo isto tudo, não para dar lições, mas para colocar uma questão e verificar se percebi bem os métodos da gramática.

A minha dúvida é — chegando ao que interessa — sobre as classes de palavras.

Se bem percebi, as dez classes de palavras são também resultado de uma abstracção. Para justificar a definição de tal noção, penso assim: na língua existe uma imensidade de palavras; os linguistas, ao percorrerem o léxico de uma língua, deram-se conta de que havia algumas delas que serviam para nomear pessoas, coisas, animais, ideias e concluíram que fazia sentido, para efeitos do conhecimento da língua e dessas palavras, apor-lhes uma mesma etiqueta: o substantivo; percorreram outras palavras e concluíram que algumas delas, para lá de aspectos que as diferenciam, convergiam na função que desempenhavam: por exemplo, o adjectivo, que serve para caracterizar o substantivo. E, no fim do caminho pelo léxico da língua, encontraram dez tipos de palavras que, no que à função a desempenhar diz respeito, convergiam.

Ou seja, a noção de classes de palavras resulta da análise das palavras abstraindo-nos da ideia particular que exprimem ou ajudam a exprimir, e considerar apenas em que aspecto convergem no tipo de ideias que exprimem (ou ajudam a exprimir).

E ainda a propósito das classes de palavras: é raro encontrar nos livros definições claras e simples acerca de cada uma das classes de palavras. Coisa que me deixa confuso. É normal, isto?

Estou certo ou errado?

Espero não ter sido confuso.

Obrigado pela ajuda.

Clyce Louise Wiederhecker Professora Goiânia, Brasil 7K

Os jornais noticiam palavras do presidente do STF: «O Supremo ajudou para a melhoria...»

Gostaria de saber: é «ajudou para» ou «ajudou na»?

Mónica Ferreira Professora Olhão, Portugal 7K

Como se diz a expressão: «Rumar ao/a/para sul»?

Obrigada.

Zélia Carneiro Estudante Queluz, Portugal 5K

Qual é o deslocamento semântico da palavra sempre na frase «sempre és tu, Rui!»?

Ernesto Pereira Jurista Mirandela, Portugal 23K

Deve dizer-se «oficie ao serviço de finanças», ou «oficie o serviço de finanças»? Obrigado.

Wladimir Gondim Leichsenring Professor de ensino médio Caxias do Sul, Brasil 4K

Primeiro agradeço pelas várias vezes em que fui atendido, em minhas dúvidas, pelo Ciberdúvidas.

Minha dúvida é a respeito da construção de uma frase que, aos meus ouvidos, não pareceu muito apropriada: «Professor, para favorecer que os alunos construam uma história pessoal de leitura...» Esse «para favorecer que os alunos» me pareceu agramatical, pois entendo que favorece-se alguém ou alguma coisa (inclusive procurei a construção em www.corpusdoportugues.org e não encontrei nada semelhante), de modo que, para mim, a construção adequada seria: «para favorecer os alunos a que construam (a construir) uma história...» Estou certo, ou a outra construção é possível?

Muito obrigado.

Isabel Zacarias Estudante Luanda, Angola 9K

Há dias tive uma prova de Língua Portuguesa em que o professor pedia para fazer a análise sintática da seguinte frase:

«Esta sopa é de cenoura

Minha resposta para esta frase não foi correcta.

Na correção, o professor fez da seguinte maneira:

Sujeito subentendido — «ela»

Predicado — «é»

Complemento circunstancial de conteúdo — «cenoura».

Nunca tinha ouvido falar de tal complemento.

Procurei na gramática e pesquisei na Net e não achei nada a respeito do complemento circunstancial de conteúdo.

Gostaria que vocês me esclarecessem acerca deste complemento.

Obrigada.

L. Lima Professora C. Rainha, Portugal 45K

Na Gramática Universal da Língua Portuguesa, de António Afonso Borregana, a palavra nem aparece no quadro dos advérbios de negação. Procurei informação em outras gramáticas e encontrei uma grande diversidade de informação. Pergunto:

1. Nem, além de conjunção, também pode ser advérbio de negação? Em que casos?

2. Apenas a palavra não é advérbio de negação, ou também nunca e jamais?

Em Celso Cunha e Lindley Cintra apenas figura não como advérbio de negação...

Obrigada.

Pamela Viegas Funcionária pública Macau, China 9K

Eu tenho uma dúvida sobre o uso do verbo «acabar de» para localizar a ocorrência de factos no tempo. Na imprensa aparecem frases como:

a) «Gisele Bündchen acaba de chegar ao Brasil, para curtir o Carnaval.»

b) «PR acaba de chegar à ilha da Madeira.»

c) «Madonna acaba de chegar no Hotel Fasano, no Rio de Janeiro!»

Se se trocasse «acaba de» por «acabou de», as frases acima teriam o mesmo sentido quanto ao “tempo” de ocorrência dos factos. Qual é a diferença entre o uso do presente e pretérito nestes casos?

Mauro Pinho Estudante Porto, Portugal 8K

Agradecia que me esclarecessem uma dúvida decorrente da leitura desta frase: «De resto, não tenho dúvidas que a FMUP é uma excelente faculdade.»

A minha dúvida prende-se com a utilização do presente do indicativo por oposição ao presente do conjuntivo. Por outras palavras, pergunto-me se o uso do presente do indicativo do verbo ser será aceitável neste contexto, ou se o correcto seria mesmo recorrer ao presente do conjuntivo do mesmo — «De resto, não tenho dúvidas que a FMUP seja uma excelente faculdade.»

Gostaria que se justificassem, para que a dúvida fosse completamente exterminada.