Há dias, numa notícia sobre a situação em que se encontram as companhias de circo em Portugal por causa das restrições da pandemia, "tropecei" na palavra «chapitô», como substantivo comum: «O primeiro ano dos artistas de circo fora do chapitô.»
Confesso, desconhecia por completo; nem encontrei dicionarizado a palavra como substantivo comum. Só conhecia em maiúscula, o nome da escola de circo Chapitô.
Uma amiga minha da zona de Aveiro falou-me da existência do termo "ressolho" ou "rossolho" aplicado no sentido de «estar-se mal vestido, mal arranjado».
Contudo, apenas conheço os vocábulos ressolho, com sentido de «redemoinho produzido nos pegos dos rios, quando há cheia», e de ressolhar, no sentido de «sentir-se (o cavalo) incomodado com os efeitos do sol forte».
Como se explica, então, o uso oral do termo que apresentei no início?
Muito obrigada!
Antes de mais, muito obrigado pelo vosso trabalho e competência, que ao longo dos anos me têm sido muito úteis. O vosso serviço é uma belíssima escola!
Gostaria de perguntar se é possível utilizar a palavra "capelã" como feminino de capelão.
Tenho procurado – possivelmente mal –, mas não tenho encontrado o termo.
Muito obrigado.
Gostaria de saber o significado da palavra "trapulhar", que encontrei em uma carta de minha bisavó de 1902 na seguinte frase:
«A Deia manda-te dizer que tem sentido muita falta dos noivos para trapulhar.»
Envio a página da carta original onde se pode ver a frase que citei e o verbo misterioso (ver infra).
Santa Maria (da Boca do Monte), onde nasceu e viveu a juventude minha bisavó, é uma cidade do interior do Estado do Rio Grande do Sul, com maciça colonização alemã, bem como numerosa comunidade afro-brasileira.
Talvez o termo seja um "regionalismo", vá saber...
Agradeço a atenção.
A propósito de problemas surgidos na cidade de Guimarães nos ajuntamentos ilegais que assinalavam as tradicionais Festas Nicolinas, surgiu esta curiosidade:
1) A formação do adjetivo nicolino; e
2) A razão de um "santo" bem mais popular noutras paragens ( Rússia, Turquia, Grécia e Noruega) se ter transformado no "patrono" dos estudantes... de Guimarães.
Os meus agradecimentos.
Por que razão catarse se pronuncia "catarZe" e não "catarSe"?
Costumo aplicar o termo «grandes (ou pequenas) dimensões», no plural, para coisas mensuráveis em termos espaciais, já que a largura, altura, etc. corresponderiam, cada uma, a uma dimensão; e, por outro lado, «grande (ou pequena) dimensão», para coisas que não se medem dessa forma.
Por exemplo: «um móvel de grandes dimensões», mas «um ataque aéreo de grande dimensão».
Recentemente, tenho-me deparado com um uso diverso, nomeadamente um caso em que se falava em «contentores de lixo de grande dimensão».
Isto é correcto ou fazia sentido a distinção que tenho vindo a aplicar?
O consulente adota a ortografia de 1945.
Junto breve citação extraída do romance Terras do Demo, pp. 180-181, em que consta putreia:
«Ia para quatro meses que não sabia dela… é verdade. Por modos já não havia escrivães no povo! Terra de maldição! Os que aprenderam a rabiscar o nome navegavam, e o padre — esse sujaria as mãos se lhe pedissem duas regrinhas de graça. Ah! Deus tivesse na santa glória o tio Manuel Abade que não precisava que o rogassem duas vezes para escrever a um vagamundo. A malta do Rio, pelo que lhe dissera o Jaime Gaudêncio, ficava toda boa. Boa, mas o Rio já não era o Rio. O italiano e o espanhol tinham derrancado o trabalho. Depois, passagens caras e más. Viera no Malange, um mazombo de paquete que andava à tona como tubarão escaldado como abóbora. À passagem da linha, estivera a deitar a cama das tripas com o afocinhar do calhambeque. Perdesse o nome que tinha se aceitava mais algum dia viajar no francês! Uma putreia, comida para negros, beliches para condenados do Inferno. Boa Mala Real, mas para melhor o alemão. O alemão, batia a tudo o que andava no mar.» Terras do Demo, pp. 180-181
Contudo em Quando os Lobos Uivam e Casa do Escorpião já se lê como potreia.
Já agora, esta pequena dúvida: «comida para negros». Pretos é regionalismo para porcos. Será que Aquilino Ribeiro se referia a comida para porcos?
Aguardo o vosso comentário, sempre muito apreciado.
Referir-se à pessoa que nasce no Brasil como brasileiro ou brasileira me parece um equívoco. Na verdade, remete a um tratamento pejorativo e que foi nacionalmente incorporado.
O termo tem origem na forma que o antigo português tratava seu patrício ao retornar a Portugal, vindo do Brasil. Na língua portuguesa, as palavras com sufixo -eiro ou -eira designam atividade laboral. São os casos de pedreiro, costureira, marceneiro, torneiro, e por aí vai.
Consultando dicionários, encontrei como principais gentílicos, brasiliano e brasílico. Há outros. As pessoas de língua inglesa tentam nos ajudar nos chamando de Brasilian. Os de língua espanhola também. Nos chamam de brasileños.
Vendo alguns gentílicos nacionais, vejo que na Bahia há maleiro, que é pejorativo. No Piauí há piauizeiro, que também é pejorativo. Ambos com sufixo -eiro.
Acredito que está na hora de nos recompormos e mudarmos a forma com que nos chamamos.
Grato.
No artigo "Reduções de palavras que não são abreviaturas" de 26-11-2020, João Nogueira da Costa afirma o seguinte :
«O adjetivo belo tem a forma reduzida bel que se usa unicamente com o vocábulo prazer: «fazer algo a seu bel-prazer.»
A minha pergunta é : por que é a palavra belver (ou "bel-ver"?) não é considerada uma forma reduzida como bel-prazer? .
Muito obrigada pela atenção
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