Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: História da língua
Luís Sampaio Engenheiro Cascais, Portugal 11K

Gostaria e saber a origem das seguintes expressões:

– «mariquinhas pé de salsa»;

– «pobre diabo».

Obrigado.

José Carlos Carvalho Aposentado do ensino Bragança, Portugal 4K

Muito agradeço me informem sobre a origem da expressão pá-a-pá-santa-justa (transcrevo-a como a encontrei no Dicionário Houaiss).

Aproveito para felicitá-los pelo vosso trabalho e faço votos para que continuem a tirar-nos as dúvidas com que tropeçamos todos os dias.

Zuleide Freitas Professora universitária Teresina, Brasil 7K

Não consigo encontrar nenhuma fonte bibliográfica que contenha o significado do nome Noronha (apelido/sobrenome).

Solicito ajuda e antecipo agradecimentos.

Maria da Pureza Oliveira Pintora Lisboa, Portugal 8K

Fernão Mendes Pinto, na sua Peregrinação, refere com alguma frequência tecidos de damasco roxo. Na altura, parece-me, obtinham-se tons de púrpura e vermelho, através de processos naturais, e indigo também, sendo ambos utilizados separadamente, mas não o roxo, que eu saiba. Por outro lado, parece-me que, quando ele fala de dignitários, seria o vermelho intenso a cor a utilizar, pois é a cor, por exemplo na China, reservada a classes altas.

Estou a fazer um trabalho de pintura sobre seda utilizando a linguagem dos vários lados por onde andou Fernão Mendes Pinto, e queria saber se o termo roxo, nele, e no séc. XVI, não seria o equivalente do rouge, em francês, do rojo, em espanhol.

Agradeço antecipadamente a resposta.

Winicius Silva Estudante Condeixa-a-Nova, Portugal 16K

Porque o fruto da oliveira é a azeitona, e não "olivona" ou o contrário?

José Santos Engenheiro Vila Nova de Gaia, Portugal 10K

Na língua portuguesa, a palavra papagaio apareceu primeiro a designar a ave, ou o brinquedo de papel que voa?

David Sousa Investigador Lisboa, Portugal 8K

Não será em rigor uma pergunta pois, a sê-lo, de antemão se considera que se encontra suficientemente respondida por anteriores contributos de Edite Prada neste sítio. No entanto, ainda que carecendo de qualquer estudo e numa base puramente dedutiva, especulativa, ou mesmo intuitiva, se retoma aqui a hipótese, já aventada, de que nas expressões «ter a ver com» e «ter que ver com», o «ver» surja por corruptela de haver.

É que, ainda que algum dicionário possa atribuir ao verbo ver o significado mais metafórico de «ver com os olhos do espírito» – como foi referido – e portanto se possa sempre admitir significados menos "directos", a expressão actual continua a soar, pelo menos a mim, muito pouco natural.

De facto, aquilo que me parece mais plausível é que, numa origem remota – e remota terá aqui, como vimos, de reportar-se a período pré-vicentino –, a expressão que estaria na base da que hoje se encontra a uso e (como demonstrado no levantamento de Edite Prada), completamente fixada, seria «ter a haver», no sentido de «ter a receber dinheiro devido, ser parte interessada em função dessa dívida por saldar». Reforça esta hipótese, creio, o facto de a expressão surgir amiúde na negativa: por exemplo, «você não tem nada a ver com isto». Por esta via, parece-me plausível supor que, na origem, esta expressão tenha nascido desta ideia de que alguém, não tendo a haver, não é parte interessada e, portanto, não tem, digamos assim, de intrometer-se. O que é válido na positiva: quem tem a haver, tem um legítimo interesse no negócio, uma razão para se meter no assunto; que haja algo a haver, vincula duas partes juridicamente, ou seja, coloca-as em relação. Donde, deduzo igualmente que a expressão se tenha aplicado originalmente apenas a pessoas, e só mais tarde possa ter servido para dizer que os alhos não têm a ver com os bugalhos.

Note-se, em abono desta tese, que o próprio complemento «com» poderá, aliás, teria mesmo de ter já sido introduzido no processo de modificação da expressão. Isto por ela, então (aventa-se) como hoje, nem sempre surge completa, isto é, com o complemento – diz-se muito, por exemplo, «isso não tem nada a ver». E, portanto, parece-me mais lógico, tanto quanto a lógica possa presidir à linguagem, que tenham sido expressões como «não se meta, que não tem nada a haver», a abrir caminho às sucessivas modificações que nos trazem ao «ter a ver com».

Resumindo, defendo aqui a hipótese – a que o nível de linguagem em causa, coloquial e, portanto, mais plástico, pode tornar mais plausível – de que a expressão tenha sido sucessivamente modificada, desta forma: «ter a haver de» – «ter a haver» – «ter a ver» – «ter a ver com». Ou ter começado simplesmente como «ter a haver», sendo que o «com» de hoje vem, justamente, confirmar o elemento relacional que, na passagem de «haver» para «ver», se torna pouco natural e menos evidente (ainda que admitindo os tais outros possíveis sentido de ver).

Fica o exercício, a título de curiosidade e, suponho, nada mais que isso, já que para o conhecimento do português coloquial de há 600 ou 700 anos, infelizmente, não há bases de dados que nos valham.

Itamara Xavier Analista de suporte Blumenau, Brasil 9K

Estou tendo problemas com a versão arcaica do português e gostava de saber se conhecem algum sítio ou dicionário que pudesse me ajudar.

Minha história:

Resolvi ler Os Lusíadas em uma versão original em vez de uma adaptada. Pensei que não seria grande problema, já que estou a estudar o português europeu há alguns meses. Engano meu.

Um exemplo é a palavra ũa, que, de tão curta e tão simples, se torna muito impossível de pesquisar pelo Senhor Google ou seus semelhantes.

Abraços e parabéns pelo projeto.

Helena Galvão Repórter Setúbal, Portugal 10K

Estou a preparar um artigo sobre a pronúncia do r dobrado em Setúbal. Gostaria de saber porque é que os setubalenses falam desta forma. Estará relacionado com as invasões das tropas napoleónicas ou com a instalação de conserveiras francesas em Setúbal?

Obrigada.

Carlos Eduardo de Carvalho Estudante Manaus, Brasil 10K

Estava eu estudando latim e percebi que alguns substantivos da língua portuguesa aparentam derivar sua forma não do nominativo, mas sim do ablativo, como em: pons, is, abl. ponTE; dens, is, abl. denTE; mons, is, abl. monTE; urbs, is, abl. urBE; avis, is, abl. avE; nox, is, abl. nocTE. Gostaria de saber como e por que causa se verifica essa aparente origem e também o porquê de nossa língua não ter declinações como o latim. Desde já agradeço-vos pela resposta e congratulo-vos pelo excelente trabalho de elucidar a língua nossa neste pantanoso terreno da Internet.