Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: História da língua
Patrícia Santos Carvalho Estratega de marca Lisboa, Portugal 11K

Gostaria de saber se a palavra "páteo" existe e se é correto utilizá-la. Pergunto, porque a encontro aplicada, nomeadamente em nomes de estabelecimentos comerciais, mas não a encontro no dicionário – aí, consta apenas pátio, com i.

Obrigada!

Maria Inês Gameiro Estudante Lisboa, Portugal 4K

Porque é que enviamos cumprimentos no fim de um e-mail ou de uma carta? Procurei o significado da palavra em várias fontes diferentes, e tudo o que surge é uma definição da palavra que surge do verbo cumprir, no sentido de se sujeitar a, realizar o prometido e outras definições na mesma linha.

Obrigada!

José Marinho Gomes Pereira Engenheiro Porto, Portugal 4K

Muito grato ficarei se me for prestado esclarecimento sobre a forma correcta de escrever o topónimo onde se localiza a Casa de Camilo Castelo Branco: "Ceide" ou "Seide". Embora não sendo especialista na matéria, choca-me ver que as duas formas se encontram aplicadas nos sinais informativos instalados nas diversas vias de acesso a essa localidade, pois, em minha modesta opinião, tal facto não só contribui para que se tenha uma desfavorável imagem sobre as entidades que deveriam velar, e não velam, pela correcção desta anómala situação, como pode induzir em erro os forasteiros desconhecedores desta dualidade e não os ajudar a chegar ao destino correcto. Por isso me parece que tais entidades deveriam adoptar e aplicar a forma correcta, que penso deverá ser uma e só uma.

Grato pela atenção que me possa ser dispensada.

Elvis S. Correia Estudante Rio de Janeiro, Brasil 13K

Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra bravo provém do latim vulgar brabus, que advém do étimo latino barbarus, o qual, por sua vez, se origina do grego bárbaros. Ora, tanto quanto sei, entre os gregos, bárbaro era o inculto, o não civilizado, aquele que, porque não falava grego, balbuciava. Contudo, ainda segundo o mesmo dicionário, a palavra em causa pode expressar também admiração, aplauso, vivo entusiasmo. Afinal, como se deu tal evolução semântica?

Alberto Mininho Castinheira Professor Zamora (Espanha), Espanha 10K

A respeito da consulta sobre o fenómeno da chamada troca do /v/ pelo /b/, gostaria de contribuir outro ponto de vista.

A consideração deste fenómeno fonético como "dialectal" vem do facto de isto acontecer actualmente apenas na região norte de Portugal e nos dialectos galegos; no entanto, na maior parte do país e, portanto, no português padrão actual, não acontece. Isto leva à consideração de que são os nortenhos os que «falam esquisito» e se afastam da norma. Mas isto é o mesmo que dizer que a situação "original" do português foi a diferenciação dos fonemas /v/ e /b/. Não obstante, a língua portuguesa tem a sua origem exactamente no território onde actualmente esta diferenciação não existe (Galiza e Norte de Portugal) e talvez nunca existisse. A troca destes sons tem origem no latim vulgar, no qual se produz uma confusão dos fonemas [β], que é um alófono fricativo bilabial de [b] quando intervocálica, e [w], fonema semiconsoante que era escrito <v> ou <u> e pronunciado como o <w> do inglês. Este fenómeno é conhecido como betacismo. A ideia mais estendida é que, perante esta confusão, as línguas românicas tiveram soluções diferentes, uma das quais é a criação duma fricativa labiodental, /v/. Nas línguas galo-românicas ou itálicas parece que foi assim, e às vezes alguns consideram que também aconteceu isto no "português meridional", mas não nos dialectos do Norte.

Acho totalmente errado dizer que isto é influência do espanhol. Mas o caso do português tem de ser necessariamente diferente do do galo-românico, porque esse "português meridional" não é mais do que a evolução duma língua que já se tinha formado no Norte e que ainda hoje não tem o fonema labiodental /v/ (dialectos galegos e dialectos portugueses setentrionais). Portanto, a aparição do fonema /v/ em português parece mais um fenómeno tardio acontecido já dentro da língua portuguesa do que uma evolução directa da situação do latim vulgar, como poderia ter acontecido nas línguas galo-românicas ou itálicas. Portanto, poderia ter acontecido que o verdadeiramente dialectal na origem da língua portuguesa fosse a pronúncia fricativa do /v/, embora se tenha estendido depois desde os dialectos centro-meridionais portugueses, conformando finalmente uma característica do português padrão ou standard. Ninguém possui toda a verdade.

Obrigado.

Rui Mendonça Funchal, Portugal 4K

Esta pergunta é mera curiosidade: por que razão histórica/linguística é que o e, como em «eu e tu», é pronunciado "i"?

Elsa Guimarães Professora Seixal, Portugal 5K

Será que me sabem explicar de onde vem a expressão «mereces tudo e um par de botas»?

Um muito obrigada de antemão.

Guilherme Soares Estudante Curitiba, Brasil 5K

Podiam-me esclarecer como se deu a evolução da palavra ilha? Evoluiu, simplesmente de insŭla-, ou houve versões intermediárias? Por que o N latino se perdeu normalmente, mas o L não? E como foi parar lá o dígrafo lh?

Obrigado.

Cristina Henrique Editora Lisboa, Portugal 12K

Gostava de conhecer a origem da expressão «Correr Ceca e Meca». Meca terá a ver com a cidade santa muçulmana? E de onde virá «ceca»? E porquê o significado de «andar de um lado para outro»?

Obrigada.

Vicente Martins Professor universitário Sobral, Brasil 60K

Em português, temos a expressão «estar na berlinda» com sentido de «ser objeto de comentários, atenção ou curiosidade» ou «ver-se em evidência embaraçosa, por motivo não lisonjeiro», conforme Houaiss (2009). Mas não consigo explicar para meus alunos a origem da extensão de sentido metafórico dado a esta expressão. Vocês poderiam me ajudar?