Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Uso e norma
Carlos Viegas Professor Universitário Vila Real, Portugal 1K

Gostaria ainda da vossa opinião sobre estas expressões:

– «Esta doença cursa com diarreia, vómitos...» («cursa com»?) Não será melhor «evolui com»? «Manifesta-se com...»?

«O Sr. João foi diagnosticado com melanoma» («o melanoma foi utilizado para diagnosticar»?) Não será melhor: «ao Sr. João foi-lhe diagnosticado um melanoma»?

Grato.

Deusdete Neris de Sousa Júnior Estagiário Graduando em Engenharia Industrial Belém, Brasil 944

Conquanto não pertença ao paradigma verbal normativo, o particípio presente segue em uso regular na fala e escrita, em neologismos espontâneos, geralmente com final -ante, inclusive com função verbal.

No entanto, para verbos cuja vogal temática é o i, concorrem as possibilidades -iente e -inte. Portanto, qual alternativa seria a mais adequada?:

«Todos os "saintes" devem deixar o crachá à mesa.»

«Todos os "saientes" devem deixar o crachá à mesa.»

«Todos os "salientes" (forma latina) devem deixar o crachá à mesa.»

Quais as regras aplicáveis a essa classe de adjetivos de base verbal da língua portuguesa?

Cristiano Fernandes Tradutor Espanha 1K

Tenho visto inúmeros casos em que é utilizado o tempo verbal 2.ª pessoa do singular do futuro do conjuntivo ou 2.ª pessoa do singular do infinitivo flexionado, como no  exemplo:

«Vais ficar a saber como podes utilizar a plataforma para compreenderes melhor o teu público e atingires os teus objetivos.»

Esta utilização é correcta? Parece que torna o leitor numa criança.

Não seria mais correcto:«Vais ficar a saber como podes utilizar a plataforma para compreender melhor o teu público e atingir os teus objetivos»?

Obrigado!

Paulo Manuel Sendim Aires Pereira Engenheiro Costa Rica MS, Brasil 1K

Sei que existem as locuções conjuncionais «antes que» e «depois que».

Pretendo saber se também é correto usar para o mesmo efeito as expressões «antes de que» e «depois de que» usando uma construção análoga à de «para além de que». Tinha para mim que era possível dizer «depois de que» mas não «antes de que». Achei no entanto um pouco arbitrário.

Procurei em várias gramáticas e não vi nada de conclusivo. Também só encontrei algumas referências tangenciais no Ciberdúvidas, que não me deram a certeza. Deste modo, decidi verificar a ocorrência das expressões no ReversoContext e encontrei centenas de ocorrências.

Essas expressões são de fato gramaticalmente aceitáveis?

Paulo Pomar Por conta de outrem Porto, Portugal 748

A minha questão tem a ver com a utilização do hífen na grafia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990, ou seja, com as regras aplicáveis na vigência do acordo de 1945, ou decorrentes do mesmo ou porque já existiam anteriormente.

Sei que o prefixo semi, escrito com esta grafia só era precedido de hífen se as palavras principiais começassem por h, i, r ou s. E quanto ao prefixo tele?

Com o acordo de 1990, nos últimos dois casos não existe hífen, e o r e o s são dobrados. Mas como era anteriormente? Aplicam-se as regras do prefixo semi? Um texto que não segue o acordo deve escrever, por exemplo "tele-radiestesia" e "tele-receptor"?

Já encontrei vários artigos vossos, mas todos eles se centravam na perspectiva do acordo de 1990. 

Obrigado.

Leonardo Dias Videógrafo e artista Lisboa, Portugal 2K

Em primeiro lugar, parabéns por esta plataforma fantástica!

Não sei se é o melhor sítio para fazer esta pergunta, uma vez que a minha dúvida é mais técnica do que linguística.

A palavra mezzanine, que também já vi grafada como mezanine ou com o neologismo mezanino, está definida na Infopédia como «andar intermédio e pouco elevado, entre dois andares altos, geralmente entre o rés do chão e o primeiro andar». Noutros dicionários, aparece também com definições bastante semelhantes, frisando-se sempre a ideia de se tratar de um andar intermédio, por vezes baixo.

Ora, eu formei-me em arquitetura e trabalhei na área tempo suficiente para saber que os profissionais da construção dão um significado bastante mais lato ao termo. Para um arquiteto ou engenheiro, uma mezzanine é qualquer espaço interior que se debruce sobre outro inferior, independentemente de ser intermédio ou não, e que seja amplo o suficiente para não ser um simples varandim. No fundo, é o equivalente a um terraço no interior.

Basta uma simples pesquisa de imagens na Internet, com o termo mezzanine, para vermos dezenas de fotografias de casas, onde o escritório ou o quarto se encontra no segundo piso (e não num intermédio) e se debruça sobre uma sala de pé-direito duplo. A definição da Wikipédia é ainda mais redutora, dizendo que o termo se destina a «um nível particular do edifício situado entre o piso térreo e o primeiro andar (...) e que não entra no cálculo total dos andares». Por esta definição, numa torre de Lofts ou apartamentos Duplex, um fogo que possuísse um quarto no quinto piso, que se debruçasse sobre uma sala no piso inferior, já não seria uma "mezannine".

Estarão as definições dos dicionários incompletas, erradas ou desatualizadas? Ou estaremos perante um caso em que a gíria dos profissionais da área faz um uso mais alargado de um termo histórico muito específico, devido à falta de um termo mais abrangente?

Sara Leite Professora Portugal 1K

Gostaria de saber se é sempre possível substituir o futuro perfeito do conjuntivo pelo futuro simples do conjuntivo.

Caso não seja, poderiam por favor apresentar um exemplo?

Muito obrigada.

Rui Almeida Funcionário público Porto, Portugal 1K

No contexto atual da pandemia covid-19 e respetivas campanhas de vacinação, generalizou-se nos media o recurso a frases como «o ministro foi inoculado com a vacina», o que me parece abusivo (é a vacina que é inoculada e não o recetor da mesma).

Gostaria de saber a vossa opinião a este respeito.

Obrigado.

Adelaide Richardson Tradutora Portugal 1K

Tenho encontrado o termo "membrezia" e "membresia" em sites portugueses para definir a pertença a um grupo/ clube.

Qual dos termos é mais aceitável, se é que algum? Li a entrada acerca de "membresia" mas não fazia menção a esta outra grafia...

Obrigada.

Rui Carlos Queirós de Sousa Basto Engenheiro Gualtar, Braga, Portugal 1K

Na comunidade das ciências naturais, ciências humanas, ciências sociais e noutras áreas do conhecimento humano subsiste a dúvida (e a discussão) sobre se se deve adotar "Antropoceno" ou "Antropocénico" como o vocábulo adequado para designar a nova época geológica e cultural em que teremos entrado em meados do século XX.

O conceito de Antropoceno/Antropocénico é transversal a todas as áreas do conhecimento humano e traduz um tempo a partir do qual a humanidade se tornou uma força telúrica capaz de colocar em causa a sua própria existência, bem como a vida tal como a conhecemos, ao ponto de poder causar a sexta extinção em massa do planeta. Sendo um conceito não apenas geológico, mas também cultural, gostaria de saber a opinião dos linguistas do Ciberdúvidas sobre como devemos apelidar este novo tempo: Antropoceno ou Antropocénico?

Agradeço antecipadamente a vossa resposta e aproveito para felicitar o vosso trabalho, altamente meritório para a língua portuguesa.