DÚVIDAS

Um termo para locais temporariamente húmidos
Em textos científicos castelhanos, que se debruçam sobre aspectos da vegetação natural, encontra-se recentemente a utilização do neologismo castelhano temporihigrófilo. Com este adjectivo qualificam-se as comunidades vegetais que se encontram espacialmente entre as comunidades higrófilas (sempre húmidas e frequentemente inundadas) e mesófilas (relativamente mais secas). O termo tenta expressar a noção de preferência por locais que estão húmidos apenas temporariamente (ou que são inundados apenas raramente). Seria desejável um neologismo paralelo em português, pelo que solicito a vossa ajuda para a sua correcta construção, preferencialmente já à luz do Novo Acordo Ortográfico: "tempori-higrófilo", "tempor-higrófilo"? Mais uma vez parabéns pelo vosso extraordinário trabalho.
A utilização do hífen em pospositivos de origem tupi
Gostaria de saber como fica a utilização do hífen em pospositivos de origem tupi, como -mirim e -guaçu, com o novo acordo ortográfico. Exemplos: moji-mirim, moji-guaçu, biritibamirim, embu-mirim, embu-guaçu, apiaí-mirim, barueri-mirim, capivari-mirim, baquirivu-guaçu, jacaré-guaçu, taquari-guaçu, taquari-mirim, supucaí-mirim, etc. [Notem, todavia, que] não estou interessado no uso feito pelos topônimos, que, em geral, não observam regra alguma. Gostaria de saber qual seria a regra correta, tanto a antiga quanto a moderna, para esses casos, quando consideramos esses substantivos meras palavras (ainda que não sejam observadas). Ou seja, se a palavra anterior termina em sílaba tônica, ou em determinada vogal, o uso seria, obrigatoriamente, com hífen ou tudo junto, a partir de agora? Segue minha pergunta anterior novamente (removi as letras maiúsculas para não pensarem que se trata de topônimos). Obrigado.
Plurais com números romanos
Na minha concepção, quando se usa algarismos romanos com o sentido de numerais ordinais, eles devem ser seguidos de uma palavra no singular. Por exemplo: «II Diretriz» (segunda diretriz), «III Diretriz» (terceira diretriz), «IV diretriz» (quarta diretriz) e assim por diante. Ocorre que algumas revistas e sociedades médica colocam o algarismo romano seguido da palavra no plural («IV DIRETRIZES», «V DIRETRIZES», «VI DIRETIZES») e assim por diante. Resumindo, eu estou certo? O correto é se falar e escrever «V diretriz» e não «V DIRETRIZES»?
Sobre maiúsculas iniciais na forma por extenso das siglas (escrita académica)
Normalmente, quando uma sigla é citada pela primeira vez, ela vem com seu significado, com as letras iniciais em maiúsculo. Por exemplo: «A END — Estrutura Nominal do Discurso — é criada com a finalidade...» Assim, ao longo do texto eu posso referenciar à sigla "END" diretamente. Por outro lado, há situações em que é preferível escrevê-la por extenso («Estrutura Nominal do Discurso»). Minha dúvida é: quando eu referencio uma sigla por extenso (que já foi definida anteriormente, como no exemplo acima), devo fazê-lo com as letras iniciais em maiúsculo ou em minúsculo? Na primeira vez em que ela é citada, obviamente deve ser em maiúsculo, mas nas demais? Um exemplo de continuação da frase acima seria: «Sabe-se que a estrutura nominal do discurso é muito útil para...» — minúsculo ou maiúsculo? Obrigada.
Escrita de símbolos químicos
Em revisões de texto de cariz científico – tenho dúvidas em relação à escrita de alguns símbolos. Foi-me indicado que os aniões como "Mg2+" ou outros devem ter a carga indicada e formatada de um modo superior à linha. A minha dúvida é se os números também se elevam. Especificamente "NaHCO3" – como deve ser formatado o algarismo 3? em frente às letras – na mesma linha, descido ou subido? É que já vi formatado das três formas, mesmo em documentos científicos. Muito obrigada.
Pronúncia do nome de uma língua da África do Sul: xhosa
Existe alguma regra, em português, para a pronúncia do nome da língua da África do Sul, escrita «xhosa»? Segundo informação que eu li, o grupo consoântico «xh» pronuncia-se (na própria língua, evidentemente) como um «clique lateral aspirado». Já ouvi pessoas da África do Sul e de Moçambique a pronunciar essa palavra, e para o nosso ouvido tem um som parecido com «cl» ou «tl». O que eu queria saber é se em casos desses a norma prescreve a pronúncia genuína [ˈkǁʰoːsa] (ou algo parecido), ou se é lícito pronunciar a palavra com as regras de pronúncia para a ortografia do português [ˈʃɔzɐ] (sinceramente, a pronúncia «chóza» choca-me um bocadinho...). Obrigado.
Pontuação do marcador discursivo «não é?»
Tenho muitas dúvidas sobre como transcrever do discurso oral certas expressões que aparentemente são perguntas sem o serem na realidade. Por exemplo: «Eu só escolhia aquilo que mais me agradava, não é, e deixava de lado o resto.» Deve-se escrever como acabei de fazer, ou assim?: «Eu só escolhia aquilo que mais me agradava, não é?, e deixava de lado o resto.» Eu julgo que se pode colocar o ponto de interrogação antes da vírgula, mas fica estranho, do mesmo modo que me parece estranho colocar, como coloquei, o ponto de interrogação antes dos dois-pontos. Será que o posso fazer? Continuação do vosso inestimável trabalho!
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa