DÚVIDAS

Uma oração coordenada explicativa
Na frase «Mesmo que não chova, não vamos lá no domingo, que ainda está frio», a 3.ª oração «que ainda está frio» deve ser considerada oração coordenada explicativa ou oração subordinada causal? Mesmo lendo os vossos esclarecimentos sobre a distinção destes dois tipos de orações, fica a dúvida: é uma explicação ou uma causa? Aguardo os vossos esclarecimentos. Desde já agradeço a atenção dispensada.
Preposições que introduzem complementos do nome
Começo por agradecer a qualidade do vosso serviço. A dúvida em questão relaciona-se com o facto de, no Dicionário Terminológico, todos os exemplos de complemento do nome introduzido por preposição sejam com de. Questiono se poderão os seguintes casos ser complemento do nome: «A paixão [ por Pero Marques]»; «A diferença [entre um e outro]»; «A discussão [sobre o assunto]»; «A resposta [ao pedido]». Sem mais, reforço a gratidão e envio os meus agradecimentos.
Complemento do adjetivo vs. agente da passiva
Como distinguir claramente o complemento do adjetivo introduzido pela preposição por do complemento agente da passiva em orações participiais sem o verbo auxiliar (ser) expresso? Considerando, por exemplo, as frases: i) «Cresci acompanhado por uma frase silenciosa.» ii) «Segundo a cronologia feita por Pessoa, Alberto Caeiro nasceu em 16 de abril de 1889, em Lisboa.» iii) «A poesia de Pessoa mostra-nos sujeitos dilacerados pela angústia de se sentirem conscientes da sua consciência.» iv) «A poesia de Caeiro anula o núcleo metafísico do universo poético pessoano, obsessivamente dominado pela ausência de sentido que vê em tudo.» Diria que na frase i) o constituinte iniciado por por constitui um complemento do adjetivo, mas, relativamente às restantes, tenho reservas. A minha grande dúvida reside no facto de, nas construções passivas participiais, o verbo principal no particípio se assemelhar a um adjetivo, pelo que o segmento que se lhe segue, embora semanticamente possa sugerir o agente da ação, funciona sintaticamente como complemento do adjetivo. Como se pode identificar inequivocamente cada um dos complementos? Agradeço, desde já, a atenção dedicada à minha questão.
Contudo, portanto, entretanto: conjunções ou advérbios?
Ao consultar dicionários estrangeiros, notei algo que me tem deixado intrigado: diversas das palavras que costumamos chamar conjunções na gramática do português são denominadas advérbios em inglês, alemão e francês. Em inglês são encontradas às vezes como sentence adverbs ou conjunctive adverbs. Refiro-me a algumas conjunções coordenativas adversativas e conclusivas. Por que seguimos chamando de conjunções palavras como portanto e entretanto? Temos alguma justificativa teórica para tanto ou é apenas tradição? O que me leva a pensar o seguinte: quais seriam os critérios para classificar vocábulos semanticamente parecidos como conjunção e advérbio nessas outras línguas e não por aqui (ex.: but/conjunção x however/advérbio; mas, contudo/conjunção)? Apenas a mobilidade e a possibilidade de coocorrência (ainda que somente no registro informal)? Desde já, agradeço.
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