Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Pronúncia
Célia Sofia Moreira Portugal 39K

Gostaria de saber se se pode definir ditongo como sendo uma sequência de exatamente duas vogais (consecutivas) na mesma sílaba. Em caso negativo, gostaria de conhecer contraexemplos, ou seja, exemplos de palavras com uma sequência de exatamente duas vogais na mesma sílaba, mas que não seja um ditongo. Em caso negativo, gostaria ainda de saber se a sequência oi da palavra depois (de-pois) é um ditongo.

Obrigada.

João Nogueira da Costa Lisboa, Portugal 6K

 «–Vai aceitar os resultados?

– Vou manter-vos em suspense, diz Trump.»

A propósito desta transcrição sobre o terceiro debate entre Hillary Clinton e Donald Trump, em Las Vegas, em 19.10.2016, vi algumas pessoas com dúvida em como pronunciar a palavra suspense. Eu sempre a pronunciei à francesa, mas os meus amigos mais novos estranham tal pronúncia.

Consultei o Google e encontrei estes dois artigos: [...] "A Suspensão do suspense", Língua à Portuguesa, 21/07/2009; [...] "Suspense", Ciberdúvidas, 8/02/2001.

Como a resposta do vosso consultor F. V. Peixoto da Fonseca [...], é muito taxativa, gostaria de ouvir uma nova opinião do Ciberdúvidas sobre este assunto.

Muito obrigado.

Luciano Rouanet Professor de Língua Portuguesa e suas Literaturas, Tradutor Rio de Janeiro, Brasil 4K

Por que a ortoépia indicada para o substantivo "obséquio" é /zé/ enquanto, para "subsídio", se indica /sí/?

Agradecido por vossa atenção.

Ana Lopes Estudante Oliveira de Azeméis, Portugal 6K

Gostaria de saber se a palavra "transecto" (antigo A.O.) perde o "c" e passa a transeto.

Obrigada

Ricardo Velho Portugal 10K

É possível escrever «Chegámos tarde, mas entramos com tudo»? Não me consigo entender com os meus colegas, que referem que a frase está correcta, mas na minha opinião o facto de termos dois tempos verbais diferentes deixa-me desconfiado, e soa-me muito mal (na minha opinião só com entrámos é que a frase ficaria correcta). Será que me pode esclarecer, por favor?

Cátia Rodrigues Funchal, Portugal 5K

Gostaria de saber qual é a sílaba tónica da palavra granola. Já ouvi a leitura de duas formas: "GRA-no-la" e "gra-NO-la". Soa-me melhor a primeira, mas gostaria de ter a vossa confirmação.

Grata antecipadamente pela vossa ajuda.

Salomé Pires Engenheira biomédica Coimbra, Portugal 2K

"Catálase" ou "catalase" (enzima que decompõe o peróxido de hidrogénio em água e oxigénio)? Qual a grafia correta?

Obrigado!

Manuel Pinho Sociólogo Braga, Portugal 2K

Qual a pronúncia da palavra pleno? "Plêno"... "pléno"... ou doutra forma?

Obrigado.

Sérgio Conceição Assistente Técnico Anadia, Portugal 4K

No texto de abertura do passado dia 8 de Abril, fiquei admirado de ter lido que "ôro" é a pronuncia-padrão da palavra ouro. Confessem-me que é uma mentira atrasada do dia 1 de Abril...!

Alberto Mininho Castinheira Professor Zamora (Espanha), Espanha 10K

A respeito da consulta sobre o fenómeno da chamada troca do /v/ pelo /b/, gostaria de contribuir outro ponto de vista.

A consideração deste fenómeno fonético como "dialectal" vem do facto de isto acontecer actualmente apenas na região norte de Portugal e nos dialectos galegos; no entanto, na maior parte do país e, portanto, no português padrão actual, não acontece. Isto leva à consideração de que são os nortenhos os que «falam esquisito» e se afastam da norma. Mas isto é o mesmo que dizer que a situação "original" do português foi a diferenciação dos fonemas /v/ e /b/. Não obstante, a língua portuguesa tem a sua origem exactamente no território onde actualmente esta diferenciação não existe (Galiza e Norte de Portugal) e talvez nunca existisse. A troca destes sons tem origem no latim vulgar, no qual se produz uma confusão dos fonemas [β], que é um alófono fricativo bilabial de [b] quando intervocálica, e [w], fonema semiconsoante que era escrito <v> ou <u> e pronunciado como o <w> do inglês. Este fenómeno é conhecido como betacismo. A ideia mais estendida é que, perante esta confusão, as línguas românicas tiveram soluções diferentes, uma das quais é a criação duma fricativa labiodental, /v/. Nas línguas galo-românicas ou itálicas parece que foi assim, e às vezes alguns consideram que também aconteceu isto no "português meridional", mas não nos dialectos do Norte.

Acho totalmente errado dizer que isto é influência do espanhol. Mas o caso do português tem de ser necessariamente diferente do do galo-românico, porque esse "português meridional" não é mais do que a evolução duma língua que já se tinha formado no Norte e que ainda hoje não tem o fonema labiodental /v/ (dialectos galegos e dialectos portugueses setentrionais). Portanto, a aparição do fonema /v/ em português parece mais um fenómeno tardio acontecido já dentro da língua portuguesa do que uma evolução directa da situação do latim vulgar, como poderia ter acontecido nas línguas galo-românicas ou itálicas. Portanto, poderia ter acontecido que o verdadeiramente dialectal na origem da língua portuguesa fosse a pronúncia fricativa do /v/, embora se tenha estendido depois desde os dialectos centro-meridionais portugueses, conformando finalmente uma característica do português padrão ou standard. Ninguém possui toda a verdade.

Obrigado.