Choram como se o dia fosse noite
E só tu cuidas delas
Poisa a pomba na cruz
E só tu deixas-te ir
Neste fragmento de um poema, temos no último verso «e só tu deixas-te ir» em vez de (no meu entender e como deveria ser) «e só tu te deixas ir».
Este é um exemplo de entre muitos os que se ouvem no dia-a-dia. Se a frase fosse «e tu deixas-te ir», estaria correcta.
Esta forma, colocando o (verbo)-te... em vez do te (verbo)..., usada agora por estudantes, professores, jornalistas, políticos, etc., é muito comum nos nossos dias tanto na escrita como na oralidade e parece-me errada, mas não encontro bases para sustentar esta minha convicção.
Podem, por favor, esclarecer-me e, no caso de eu ter razão, dar-me bases gramaticais para que eu a defenda?
Na frase «Não nos deram as chaves», como faço a substituição por pronomes pessoais?
Não consigo perceber, embora conheça os casos de próclise, mesóclise, ênclise...
Obrigada.
Gostaria de pedir a gentileza de vocês para me esclarecerem o porquê de este se, na frase abaixo, ser classificado como sujeito:
«Um ruído se fez ouvir.»
É correto escrever: «O João dirigiu-se-me...»?
Anteriormente enviei uma dúvida com o seguinte texto:
«Gostaria de saber se há algum critério seguro e bem aceito na língua portuguesa para diferenciar uma oração relativa livre de uma subordinada interrogativa. Minha dúvida é motivada pelo fato de que, ao que parece, uma interrogativa subordina é possível ser introduzida por preposição: “perguntou de quem era o vestido”, o que já não parece possível com uma relativa livre:*"conhece de quem era o vestido”. No entanto, o que me parece é que o que permite tal distinção seria o próprio significado relacionado ao verbo da oração principal. No entanto, eu fico em dúvidas numa frase como esta: “Imagino de quem ela falou.” Não sei se ela pode ou não ser considerada gramatical. Um critério que eu, a partir de algumas poucas leituras sobre assunto, tenho estipulado é o seguinte: substituir o pronome relativo livre por algum demonstrativo acompanhando de seu pronome relativo, se resultar agramatical ou se o sentido diferir bastante, tal oração então seria interrogativa, caso contrário, seria uma oração relativa livre. Ex. “Imagino quem entrou na sala” – ?“Imagino aquele que entrou na sala”. Esta última, além de soar um pouco esquisita, muda bastante o sentido da frase. Logo, parecer-me-ia que estamos diante de uma construção cuja subordinada é uma interrogativa indireta. A partir desses argumentos – os quais coloco em dúvida - não me pareceria absurda uma frase como a que eu mencionei anteriormente: “imagino de quem ela falou”, uma vez que por este critério – o qual não sei se pode ser válido – tal oração seria uma subordinada interrogativa, a qual poderia ser introduzida por preposição. Como eu tenho acompanhando algumas respostas de Carlos Rocha a perguntas sobre o tema, gostaria, se possível, que ele comentasse sobre minhas indagações. No entanto, deixo livre para fazê-lo qualquer consultor que tenha interesse.»
No entanto, acho pertinente apresentar exemplos da aplicação do critério acima proposto também nos casos em que há em jogo uma preposição na oração subordinada. A frase 5 não se encaixa nesses casos. Aqui os apresento:
1) «Imagino de quem ela falou» – «Imagino aquele de que ela falou» (O sentido muda, logo a primeira parece ser uma subordinada interrogativa.)
2) «Imagino do que gostas» – «Imagino aquilo de que gostas» (O sentido muda, logo a primeira parece ser uma subordinada interrogativa.)
3) *«Vi com quem você saiu ontem» – «Vi aquele com quem você saiu ontem» (O sentido permanece, logo a primeira subordinada, sendo uma relativa livre, não poderia estar preposicionada. Ter-se-ia então de transformá-la numa relativa com antecedente.)
4) *«Vi ontem de quem você gosta» – «Vi ontem aquele de que você gosta» (O sentido permanece, logo a relativa livre teria de ser transformada em relativa com antecedente. Exemplo igual ao anterior.)
5) «Eu conheço quem comprou os ingressos» – «Eu conheço aquele que comprou os ingressos» (O sentido permanece, logo, a primeira seria uma relativa livre.)
Grato.
Gostaria de saber o que é sínclise, pronome sinclítico, apossínclise e dissínclise. Poderiam-me dizer também qual a origem da mesóclise em português? Existe alguma bibliografia que me poderiam indicar? Poderiam dar alguns exemplos?
Sempre muito grato!
Qual a função sintática do pronome te em «Lembra-te de vir aqui todas as semanas»?
Muito obrigada pela atenção.
Antes de mais nada, parabéns pelo site. Sei que já analisaram questão parecida antes, mas gostaria muito de nova análise, com cautela. Posso até estar errado, mas preciso dividir isso com pessoas mais capazes que eu. A primeira vez que li em uma gramática que o quem é um pronome relativo sem antecedente, achei um absurdo. Explico por quê: é sempre possível substituir tal pronome (que, para mim, é um simples pronome indefinido) por uma locução pronominal indefinida quem quer que ou seja quem for que. Assim, não há o porquê de malabarismos analítico-nomenclaturais ao quem, tão perpetuados, qual dogma, por grandes mestres (eles fazem moda... mas o tempo passa). Exemplo: «Quem comigo não ajunta espalha» ou «A presidenta só convida quem tem potencial»; "alguns" vão dizer que o quem é um relativo sem antecedente, mas "qualquer um" sabe que a substituição por uma locução pronominal indefinida é muito acertada e reflete o uso da língua: «Seja quem for que comigo não ajunta espalha» e «A presidenta só convida "quem quer que" tenha potencial». Assim, não há relativo sem antecedente coisa nenhuma (na minha cabeça de falante, e culto), o que há é um mero pronome indefinido.
Gostaria de ouvir suas considerações, pois acho sinceramente que não estou lucubrando.
Qual a origem, e como evolui o pronome comigo?
Obrigado.
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