Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Fernanda Antunes Tradutora Lisboa, Portugal 2K

Procurei a palavra "perlismo" no Dicionário Houaiss, mas sem êxito. Foi um termo criado por uma pintora espanhola por altura do surrealismo (e outros -ismos); consultei alguns livros de pintura, mas não encontrei o termo. Lembrei-me da excelente equipa que compõe o Ciberdúvidas, pois encontra sempre resposta para todas as questões. Muito obrigada pela vossa atenção.

José Fernando Estudante Rio de Janeiro, Brasil 3K

Em «Ele viu a cauda luminosa do cometa», o sentido é denotativo ou conotativo, visto que cauda, no meu princípio, é de animal?

Valeuzão!

João Loureiro Estudante Porto, Portugal 7K

Fernando Pessoa comete aqui erro gramatical?

«Quem quer passar além do Bojador/ Tem que passar além da dor.»

Pedro Martins Professor Viana do Castelo, Portugal 4K

Coloco estas perguntas porque me parecem pertinentes e que me deixaram francamente em dúvida.

 

Qual a definição correcta de narrador participante? Quais são realmente os tipos de narradores existentes na língua portuguesa? Estas perguntas surgiram depois de, em conjunto com uma colega, analisar o seguinte texto:

«Conheço um menino que gosta muito de animais. Gosta de gatos, cães, periquitos, ratos, eu sei lá... Às vezes chego a pensar que ele gosta de todos os animais.

Há tempos esse menino pediu ao pai para lhe dar um cão, um cão grande, de olhos meigos e pêlo macio.

— Ó pai, gostava tanto...

— Um cão?! Nem pensar nisso! — disse logo o pai. — A casa é pequena e o cão nem tinha espaço para se espreguiçar. Nem penses nisso...

Como o menino é realmente muito amigo dos animais acabou por concordar. Pois claro, o animal não podia ser feliz num quinto andar com elevador e vista para a janela do senhor da frente que não tem gato nem cão nem periquito...

Mas o gostinho de ter um animal de estimação voltou com mais força e um dia chegou-se à mãe. Falou-lhe de um gato branco pequenino, muito bonito, muito meigo. (...)»

a) Uma 1.ª análise leva-me a classificar o narrador como não participante, pois este não participa na acção.

b) Após nova abordagem, a palavra conheço chamou-nos a atenção, pois não é ela indicadora de participação na história?

Com os melhores desejos de um bom trabalho,

Anabela Silva Aluna Santarém, Portugal 10K

Gostaria que me informassem sobre a origem do vocábulo Lusíadas. No meu livro de Português diz que é um cultismo ou um latinismo, mas eu não entendo porquê.

Obrigada pelo vosso esclarecimento.

Ana Oliveira Estudante Valongo, Portugal 12K

Desejo saber qual o significado de actancial na seguinte expressão: «... podem assumir duas variantes – a história ser em si uma mentira ou a mentira constituir um recurso actancial importante.»

Daniel Calich Luz Estudante Natal, Brasil 5K

A expressão destacada na afirmação abaixo exemplifica uma figura de linguagem (expressão sublinhada):

«Agora que a velhice começa, preciso aprender com o vinho a melhorar envelhecendo e, sobretudo, a escapar do perigo terrível de, envelhecendo, virar vinagre

(D. Hélder Câmara, arcebispo emérito de Recife/Olinda, falecido em 1999.)

Nomeie a figura e esclareça o sentido da expressão no contexto em que foi empregada.

Muito estudei a respeito, e cada vez me convenço mais do eufemismo como sendo a chave de resposta. Apesar de a grande maioria das pessoas afirmar a metáfora como certa, não achei em material algum uma justificativa que assegure naquele contexto a expressão «virar vinagre» como metáfora.

Eis aqui uma definição de metáfora da Moderna Gramática Portuguesa de Evanildo Bechara, 37.ª edição (revista e ampliada):

«Translação de significado motivada pelo emprego em solidariedades, em que os termos implicados pertencem a classes diferentes mas pela combinação se percebem também como assimilados.»

Ex: «cabelos de neve», «pesar as razões», «negros pressentimentos», «doces sonhos», «passos religiosos», «boca do estômago», «dentes do garfo», «costas da cadeira», «braços do sofá», «pés da mesa», «rios de dinheiro», «vale de lágrimas», «o sol da liberdade», «a noite caiu».

Eis aqui um outra definição de metáfora: «Metáfora é, portanto, a igualdade de duas matrizes de dois campos semânticos diversos provocada pelo domínio comum.»

Fica claro e evidente que e expressão metaforizada não existe na realidade, de modo que apenas em nossa imaginação se faz possível existir um vale de lágrimas, uma noite que cai, um braço no sofá, um pressentimento negro...

A expressão «virar vinagre» não é uma metáfora como afirma a Comperve, pois vai de encontro à definição de Evanildo Bechara, visto que ela não contempla alguma translação de siginificado em que os termos virar e vinagre pertencem a campos semânticos diferentes. Além disso, «virar vinagre» é uma condição natural do vinho. Não existe nada de surreal nisto. Como existe em: «dentes de garfo», «doces sonhos», «passos religiosos», «rios de dinheiro»...

Um gay quando morre, não morre, ele, em morrendo, «vira purpurina». «Vira purpurina» é um eufemismo assim como «virar vinagre».

Gramaticalmente não se pode provar que o termo «virar vinagre» se refere a D. Helder ou ao sujeito do trecho em questão.

O sentido da expressão «virar vinagre» era de se tornar um velho "azedo", "ranzinza", "mala morto", "sem função"... palavras que, com toda certeza, são carregadas de maldade, ao contrário da expressão «virar vinagre», que exige uma interpretação e ameniza um verdadeiro sentido cabível, ou seja, a expectativa de resposta da UFRN justifica o eufemismo e traz a metáfora como resposta, entrando, assim, em contradição. Posto aqui a definição de eufemismo dada pelo dicionário Aurélio, 1.ª edição (4.ª impressão):

«Eufemismo: S. m.: 1. Ato de suavizar a expressão duma idéia substituindo a palavra ou expressão própria por outra mais agradável, mais polida.»

Gostaria de saber a opinião do pessoal do site a respeito desta questão. Obrigado desde então.

Sofia Matos Estudante Lisboa, Portugal 33K

Ao fazer o esquema rimático de um poema, a letra do alfabeto muda sempre consoante a variação de som? É pertinente fazer o esquema rimático de um poema todo?

Ana Lúcia da Silva S. Amaro Professora de educação infantil Nova Odessa, São Paulo, Brasil 5K

 Por favor, ajude-me a fazer este exercício:

«Leia este trecho do poema:

O velho adormecido
na cadeira imprópria
O jornal rasgado
O cão farejando
A barata andando
O bolo cheirando
O vento soprando
E o relógio inerte.

a) Que recurso gramatical o poeta emprega para sugerir que as cenas descritas acontecem no mesmo momento em que ele observa?

b) Transcreva a forma nominal que apresenta o resultado final de um fato verbal. Classifique-as.»

Ana Freitas Portugal 6K

Os textos lírico e dramático não podem ser inseridos nos protótipos textuais?