«(...) Ao pretender privilegiar, por razões de estratégia político-económica pós-colonial, o diálogo cultural sul-sul, em detrimento e não em convergência com o diálogo norte-sul, o Brasil está a dar uma espécie de grito do Ipiranga fora de tempo face à velha Europa. Prescindir do contacto estreito com uma literatura que só prestigia a língua em que o Brasil fala e com uma cultura europeia e atlântica à qual a identidade brasileira estará para sempre indelevelmente ligada a montante, como a portuguesa estará relativamente à brasileira, a jusante, em nada fortalece o Brasil, a sua identidade e o seu poder de influência. (...)»
[Artigo da ex-ministra portuguesa da Cultura, Isabel Pires de Lima, publicado no Diário de Notícias de 11/04/2016, a propósito da exclusão da obrigatoriedade do ensino da literatura portuguesa no Brasil.]